Os The Walks são uma banda portuguesa a cujo crescimento urge estar atento. O primeiro EP, lançado este ano, promete: as quatro canções que o compõem deixam antever um futuro auspicioso na exploração deste território rock.
O nervo das canções não se estranha: basta notar que a produção é de Victor Torpedo (Parkinsons e Tédio Boys). E portanto as acelerações rítmicas, os refrões algo explosivos e esse lado meio «apunkalhado», ou semi-garage, estão presentes, mas coexistem com o groove, tendo o baixo especial importância na orgânica sonora dos Walks.
«Backfire», a primeira, transmite logo esse mote, com o instrumental acelerado que vai directo à questão de forma crua – e, sendo os Walks bons músicos, será muito interessante acompanhar a forma como se prevê que a canção vá crescendo em palco e a simbiose que poderá originar com o público. «Redefine» já tem outro ritmo, ao soar mais clássica, com um groove capaz de fazer dançar sem que se perca o nervo rock e a intensidade. É uma grande canção. «Before and After», a terceira, é blues, punk e garage misturados, e o riff no final da canção eleva-a a um nível bastante alto. O EP termina com «Riding the Vice», também ela uma belíssima canção, e outra em que os Walks voltam a mostrar que dominam como poucos por cá a capacidade de gerir a intensidade e rapidez com a subtileza e groove que nos levam a sentir a sedução rock de outros tempos.
O quinteto oriundo de Coimbra, apesar da sua juventude, já tocou em palcos como o Raw Coreto, do NOS Alive, o do Festival Mêda ou o desse relevantíssimo espaço rock que é o Sabotage Club. Para quem nasceu há pouco, portanto, as credenciais estão aí, e justificam-se totalmente pelas canções. Para este grupo, o rock ‘n’ roll continua a ser juventude, garra e subversão; e, a julgar por este primeiro EP, o futuro está mesmo aí à porta.