O Semibreve regressa em 2018 com revisitações ao passado e olhares para o futuro. William Basinski, RP Boo ou Grouper são alguns dos destaques.
O Semibreve, festival bracarense de música electrónica e arte digital, está de volta para três dias de escuta intensiva e atenta. Do festival farão parte não só concertos mas também instalações, workshops e conversas.
O primeiro dia (sexta-feira, dia 26) arranca às 21h30, no Theatro Circo, com os Telectu (Vítor Rua e António Duarte, que substitui o falecido músico Jorge Lima Barreto) a revisitar o histórico Belzebu, disco de 1983. Como têm vindo a fazer ao longo deste ano, em salas como o Teatro Municipal Maria Matos em Lisboa ou festivais como o OUT.FEST no Barreiro. Depois do duo português completar a viagem ao passado electrónico português, pelas 22h50, William Basinski entrará em palco para nos trazer “On Time Out of Time”, o seu mais recente trabalho, focado nas ondas gravitacionais detectadas pelo observatório americano LIGO em 2015. Além da peça inédita, o concerto contará também com um mapa luminescente de Fred Rompante, a servir de guia visual para esta viagem ao Universo profundo.
Ainda no Theatro Circo, mas no Pequeno Auditório, Qasim Naqvi, baterista dos Dawn Of Midi, apresentar-se-à a solo às 23h50 com um espectáculo analógico, provavelmente perto daquilo que podemos escutar em FILM, disco de 2017 que reúne composições de Naqvi para filme e vídeo.
A noite ganha ritmo no gnration, com o techno de Actress – substituto de Jlin, que cancelou o seu concerto por motivos de saúde – e o seminal footwork de RP Boo, às 00h45 e 02h00, respectivamente.
Ao segundo dia, haverá lavagem auricular cuidada pelas mestras Barbieri, Davachi e Harris, a começar com o minimalismo modular de Caterina Barbieri (no mui especial Salão Medieval da Universidade do Minho, às 17h30), concerto apoiado pelo Goethe Institut, o Maintenant Festival e a plataforma europeia SHAPE. O Theatro Circo é inaugurado às 21h30 com a colaboração de Sarah Davachi e Laetitia Morais, a primeira branda mas decidida nos sintetizadores e a segunda oferecendo componente visual, em vídeo. Tempo para acalmar e afagar os tímpanos ainda mais haverá, com Grouper a subir ao mesmo palco às 22h50, exactamente uma hora antes de Alfredo Costa Monteiro se instalar no Pequeno Auditório para incursar em explorações electro-acústicas.
A segunda e última noite do festival, novamente tendo lugar no gnration, abre com o techno singular e intenso de SØS Gunver Ryberg, pelas 00h45, seguido da balaclava electrónica de DJ Stingray, às 02h00.
O festival chega ao fim no domingo, com dois concertos ao final da tarde a ter lugar no Theatro Circo. Em primeiro lugar, a começar pelas 17h00, terá lugar a colaboração entre as ambiências modulares de Keith Fullerton Whitman e a arte óptica minimalista de Pierce Warnecke, misturando-se a síntese sonora e de vídeo numa prometida “coreográfica sincronia sensorial”. A fechar o festival, a obrigatória performance (tal como todas as outras, diga-se) de Robin Fox, que trará consigo Single Origin, um concerto para feixe de laser que tem vindo a ser apresentado pelo mundo fora, incluindo no prestigiado festival polaco Unsound, na edição de 2017.
Por fim, é de especial relevância mencionar as actividades paralelas aos concertos que acontecem ao longo dos três dias. Ao todo, são 11 as instalações de alunos universitários, em conjunto com os vencedores do Edigma Semibreve Award 2018 (Elías Merino e Tadej Droljc, com o trabalho SYNSPECIES), estando espalhadas pelos dois espaços onde o festival terá lugar – o Theatro Circo e o gnration. Dessas 11, faz ainda parte uma retrospectiva de trabalhos recuperados e transcritos para formato digital do grupo VIDEOPORTO, um colectivo de artistas de vídeo fundado nos anos 80 entre a Escola Superior de Belas Artes do Porto e a Cooperativa Arvore, contando a exposição com a colaboração dos arquivos da Bienal de Arte de Cerveira.
Além das instalações, terá ainda lugar na Casa Rolão um workshop de sintetizadores modulares por Keith Fullerton Whitman, já esgotado (sábado, 27 de Outubro, das 10h30 às 13h30), assim como duas conversas entre artistas do cartaz do festival: Laetitia Morais e Sarah Davachi (sábado às 15h) e Qasim Naqvi com SØS Gunver Ryberg (domingo, 28 de Outubro, às 15h).
Com os passes gerais esgotados, apenas estão disponíveis bilhetes diários (9€) que apenas garantem acesso à sala principal do Theatro Circo. Durante os próximos três dias, a vanguarda da música electrónica regressa a Braga e promete, como sempre, surpreender. A reportagem completa estará disponível em breve, em Altamont.pt.