O nosso Sérgio Godinho fez 75 anos, aproveitando a data redonda para regressar aos palcos. Nas próximas duas semanas, o Altamont junta-se à festa, através de uma retrospectiva integral dos seus 19 álbuns de originais (mais o disco ao vivo Escritor de Canções e a compilação Irmão do Meio). Era o mínimo que poderíamos fazer para retribuir o tanto que nos deu.
O que é que tem o Sérgio Godinho que é diferente dos outros? Tudo. O timbre e a entoação. Os acordes dissonantes. A métrica sui generis. A carpintaria paciente de cada palavra. A teatralidade burlesca. A ternura do aparentemente banal.
Inspirado pela renovação musical que Zeca Afonso iniciou nos anos 60, mas também admirador confesso dos Beatles e dos Stones, Sérgio Godinho nunca ficou prisioneiro de nenhuma estética, integrando a música tradicional portuguesa, o jazz e o rock na sua pessoalíssima linguagem.
Da mesma forma, sempre recusou o simplismo do rótulo “cantor de intervenção”, nunca descurando, mesmo no seu período mais político, as encruzilhadas da vida e do amor. Crescemos, apaixonámo-nos, caímos, levantámo-nos, sempre com os discos do Sérgio Godinho em pano de fundo. Tudo o que é importante saber aprendemos nas suas canções.
Obrigado, Sérgio. Faz tão bem saber com quem contar…