Faltavam mais ou menos vinte minutos para chegar a Amesterdão. Antes, o comboio passaria ainda pela estação de Almere, que ficava a uns cinco minutos de dali. O pica veio à carruagem, dizendo qualquer coisa em holandês que não consegui perceber. Mas pareceu-me ouvir a palavra “fiets” – holandês para “bicicleta”. Como eu tinha trazido a bicicleta comigo, resolvi ir ter com o pica para saber se o que ele tinha dito era importante e me afectava.
-Esta bicicleta é sua?
-Sim….
-Qual é o seu destino?
-Amesterdão.
-Pois…é que a hora de ponta começa daqui a cinco minutos (às 16h) e não é permitido ter bicicletas no comboio durante a hora de ponta. Vai ter de sair na próxima estação e das duas uma: ou deixa a sua bicicleta e apanha o próximo comboio ou espera pelas 20h30, que é quando acaba a hora de ponta.
Estarrecido, parei para pensar.
-Não há opção, vai ter de sair.
Saí, abri o Google Maps. Os 16 minutos de comboio que faltavam para chegar a Amesterdão equivaliam a 2h30 de bicicleta.
Saí do comboio, saí da estação, subi para a bicicleta e segui viagem. A banda sonora? Não podia ser outra.