Canção do dia

“These Boots Are Made For Walkin’” – Nancy Sinatra

A meio dos anos 60, já havia alguns anos que Lee Hazlewood andava a construir o seu nome enquanto cantor e produtor, amealhando uma série de êxitos próprios e alheios. A meio da década, recebeu um pedido bizarro, vindo de uma das maiores estrelas de sempre da música norte-americana: Frank Sinatra achava que Lee era o tipo certo para ajudar à carreira da sua filha mais velha, Nancy. Esta encontrava-se prestes a ser abandonada pela editora, depois de uma série de singles sem qualquer impacto comercial que se visse. Era preciso um novo rumo, e Hazlewood não hesitou. O dinheiro era bom e, além disso, não podia deixar de ficar intrigado e seduzido por aquela figura jovem e loura, que pertencia à realeza musical.

Quando começou a escrever músicas para o disco de Nancy, uma das que saíram foi “These Boots Are Made For Walkin’”, que Lee tinha feito na primeira pessoa e pretendia gravar em nome próprio mais tarde. Mas Miss Sinatra percebeu logo que ali estava um êxito e implorou para o gravar, com um óptimo argumento: uma canção que podia soar violenta na voz de um homem (“one of these days these boots are gonna walk all over you”) soaria curiosa e fora do comum na voz de uma mulher. Mais, seria exactamente o statement que Lee defendia para a carreira de Nancy, que até aí tinha apostado num som e numa pose delicodoce, sem qualquer sucesso. O conselho de Lee: “deixa-te dessas tretas de amor adolescente. Canta como uma adolescente, mas uma que quer dormir com camionistas!”.

Gravada a versão de Nancy, a confiança era tanta que o próprio LP, editado em 1966, recebeu como nome Boots. O single chegou às lojas em Dezembro de 1965 e destruiu o mercado de Natal. Disparou para número um tanto nos EUA como no Reino Unido e tornou-se um clássico reconhecido por todos (até os Megadeath fizeram uma versão jocosa do tema). A carreira de Nancy estava lançada e a dupla viria a fazer vários discos em conjunto, mantendo sempre bem viva a chama de uma parceria magnética, entre o cowboy psicadélico e a loura sofrida e provocante.

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