Se alguma vez me perguntarem porque é que gosto tanto de vir ao Sonic Blast, é bom que tenham, pelo menos, uma horita de paciência extra disponível. Por hoje, bastará a sequência Causa Sui – C.O.F.F.I.N..
No caldeirão sónico dos Causa Sui podemos encontrar elementos do psicadelismo, de Krautrock, de Rock progressivo e de jazz escandinavo. A atuação do quarteto dinamarquês começou inclusivamente numa toada mais morna, como que a aproveitar os últimos raios de sol que rasgavam paralelos à boca do palco! À medida que o ocaso se aproximava, o motorik foi ganhando embalagem e o som enchendo ao sabor das guinadas da guitarra de Jonas Munk! Eu estava mesmo a pairar quando o seu set acabou – e sem recurso a qualquer substância que as mentes mais maldosas possam estar a conjurar!
Estava, portanto, feita a cama para … Rock’n’Rollar como se não houvesse amanhã! Comprovando que a segunda história mais velha do mundo (aquela de que o Rock está morto) é mentira, os C.O.F.F.I.N. vieram da Austrália para nos mostrar (outra vez) como é que se faz. Uma atuação toda sem tirar o pé do acelerador e sem pausas para o pescoço, de uma banda com um som personalizado e sem medo das comparações. Foram eles, e não este vosso escriba … que fique claro, a ir buscar os AC/DC com uma fantástica versão de “Riff Raff”!

Voltando ao início, o que defendo ser tão mágico neste festival é que esta transição de sonoridades ou, se quisermos esticar a corda, de tradições estéticas, surgem como uma evolução orgânica, com um Yin and Yang auditivo … saudamos ambos os lados com prazer e, até necessidade. Depois de pairar, há que colocar os pés no chão para os bater freneticamente com o punho no ar … até termos vontade de acalmar e voltar a sonhar … que foi precisamente o que fizemos com a ajuda dos Colour Haze.
A banda germânica já cá anda desde o meio dos noventas, mas a idade só se faz sentir pela maturidade como que conjugam os elementos. Uma abordagem cerebral e, ao mesmo tempo, carregada de emoção e fluidez. Fantástico!
Mais uma descida vertiginosa na Montanha Russa para o speed stoner fuzz, e para a boa disposição, dos suecos Truckfighters! O mínimo que se poderá dizer é que o trio deixou a audiência bem animada, com as corridas de Dango ou as “macacadas” de Ozo (que lhe valeram um encontro imediato com o amplificador … felizmente, sem consequências nefastas), mas sobretudo com a música!
Ora, os 1000 Mods, decidiram abraçar esta energia e dando-lhe um pouco mais de ordem rítmica, elevaram a parada sónica, fazendo passar os saltos do palco para a audiência. Ninguém parou ao som do stoner fuzz dos gregos … naquilo que me pareceu ser uma mescla perfeita entre o sujo e o limpo, uma espécie de “Foo Fighters of the Stone Age”, se me permitem.

O meu dia, no entanto, começou mais cedo com a atuação tântrica dos portuenses Madmess, num exercício quase perfeito de como integrar elementos de stoner, prog, psicodelismo e classic rock em composições maioritariamente instrumentais!
A mudança de palco para os americanos Deathchant, levou a uma toada mais metálica – com as guitarras a entoar melodias muito próximas da NWOBHM e um ataque duplo nas vozes a reforçar o poder produzido pela secção rítmica. Apesar de ser ainda cedo, o público convergiu em peso e deu para perceber o porquê da ligação especial que o quarteto tem com o Sonic Blast.
Entre os Deatchchant e os Causa Sui, atuaram os californianos Sacri Monti numa hora mágica sem fila de espera (porque também tenho direito aos meus trocadilhos) onde se pode apreciar um hard rock psicadélico com tons sulistas a fazer lembrar os melhores momentos dos Allman Brothers, com destaque para a bela utilização da slide guitar e dos teclados. Retrieval saiu um dias antes do festival e já está na minha lista de discos a explorar.
É sábado de manhã e ouve-se um baixo saturado de fuzz por toda a vila … Oh yeah!




































