Apresentando um som dark-wave com um toque de synthpop para os mais melancólicos, os turcos She Past Away fazem-nos sair da zona de conforto sem perder as referências sonoras que conhecemos.
Para esclarecer já os mais conservadores, começamos por apresentar os She Past Away: post-punk turco, dark-wave de inspiração dos anos 80, rock gótico de guitarra bem sonora, letras em turco (e, portanto, incompreensíveis mas certamente profundas) e muita ansiedade expressa nos instrumentos.
O disco de 2019, Disko Anksiyete, é o terceiro trabalho de estúdio da banda e a qualidade foi apurando desde o primeiro disco, Belirdi Gece (ainda assim, vale a pena voltar ao trabalho de 2012 para ouvir a excelente “Sanri” e também “Rituel” e ao disco de 2015, Narin Yalnizlik, para ouvir “Asimilasyon”).
Disko Anksiyete é um excelente exemplo de post-punk e dark wave bem feito, a começar logo com as duas primeiras faixas, “Bosluk (intro)” e Durdu Dunya”, a soar um pouco a The Cure. Já o tema que dá nome ao álbum pede emprestado ao synthpop e de inspiração disco, que marca este trabalho, sem esquecer as guitarras profundas que tanto caracterizam o post-punk.
Os sintetizadores e inspiração eletrónica vão-se tornando mais presentes ao longo do disco, o que lhe confere uma sonoridade moderna, mas sem perder a ligação ao dark-wave, uma referência ajudada pela voz profunda do e vocalista (quase soa a Ian Curtis). “La Maldad” ou “Girdap” podia ser New Order em esteroides “Renksiz” uma versão deprimida de OMD.
Conseguimos imaginar-nos a dançar em estilo gótico, a abanar levemente os ombros e com as mãos à frente da cara, vestidos de Robert Smith num qualquer clube underground (numa cave, claro) em qualquer sítio do mundo. She Past Away é audível em qualquer geografia e nem as cantorias em turco fazem diminuir a qualidade sonora desta banda.
Os She Past Away merecem, pelo menos, uma audição atenta – fazem-nos sair da zona de conforto mas sem nos deixarem perder as referências sonoras que tão bem conhecemos.