A Ronda dos Quatro Caminhos, essa instituição da música tradicional/popular portuguesa, está de volta. A comemorar 30 anos de existência, a Ronda continua a explorar, a redescobrir e a trazer à luz as tradições da música portuguesa. E não apenas portuguesa. Tierra Alantre, o novo disco a editar ainda este mês, busca a síntese entre as tradições portuguesa, galega e até mirandesa. Com profundas raízes no sempre apaixonante Alentejo, a Ronda vira agora a Norte: ao Minho, a Trás-os-Montes, à irmã Galiza. É nesse cruzamento entre povos que são o mesmo, para além da fronteira, que o grupo constrói este disco. Com um carinho e uma atenção muito especial ao mirandês, língua que resiste ao esquecimento e na qual são cantados vários temas. Para esta tarefa, o grupo contou com a preciosa ajuda de Amadeu Ferreira, figura estimadíssima da cultura portuguesa e provavelmente o maior defensor e estudioso do mirandês.
Em termos musicais, ao universo habitual da Ronda dos Quatro Caminhos, juntam-se agora dois enormes aliados de peso: a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos. São perto de 120 músicos numa celebração que rompe barreiras e tudo promete unir, com a voz do povo a invadir e a ser acolhida como igual nos fóruns mais eruditos.
“Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e humanos”, nas palavras sábias de Amadeu Ferreira.
No próximo dia 22, a Ronda dos Quatro Caminhos apresenta-se no Teatro de S. Carlos, em Lisboa, num concerto abrangente mas que contará com a apresentação de vários temas de Tierra Alantre.
Venha o disco e sigamos a Ronda.
