A propósito do que já aqui se disse sobre música portuguesa instrumental, há mais uma nova banda na cidade. Chamam-se Zorra, são cinco rapazes da zona de Lisboa e acabam de editar o primeiro álbum – Nós Cegos. Todos têm formação de jazz ou clássica, portanto o virtuosismo nos dedos, e nos ouvidos, rock.
Por isto, a música de (da? dos?) Zorra é um elegante combate entre esse rock e esse jazz, em rounds de 7 minutos, umas vezes ganha o rock outras o jazz, umas o jazz de fusão é deitado ao tapete pelo rock espacial, outras a improvisação encosta a um canto o rock progressivo.
Para dar a conhecer o disco de estreia, nada melhor que um concerto. Estes cinco rapazes tocam um instrumento cada um, guitarra contrabaixo bateria trompete vibrafone, mas quase todos ligados a pedais de efeitos e parece que estão em palco 9 instrumentos, uma muralha de som que tão rapidamente explode em devaneios psicadélicos como embala em melodias reconfortantes, deambula entre ambientes cinemáticos de suspense e momentos reflexivos de contemplação.
Este concerto de Zorra no Musicbox é a melhor resposta à pergunta “devo ou não ir eu a um concerto?”. Há música que foi feita para tocar ao vivo, e sorte a de quem esteve na plateia! Foi com esta convicção que saiu do Musicbox a maior parte de quem lá esteve.
O concerto serviu para apresentar as músicas do disco, mas tocadas com uma pujança e entusiasmo que só se geram num palco, em frente a pessoas.
Abriram as actividades com «Cronofóbico», primeiro single, música que abre o álbum e cujo teledisco está aqui em baixo. Fecharam com «Cosmos», canção que não está em nenhum disco ainda, esperemos que num próximo. Para o encore, de novo «Cronofóbico» mas agora com outra intensidade. Não com os dedos a frio como no início do espectáculo e ideal para acabar o concerto e deixar a música a trabalhar na cabeça de quem teve de seguir para casa, afinal amanhã é dia de trabalho.
Nós Cegos é um grande primeiro disco de uma óptima nova banda.