A confusão é o sexo e o nosso parceiro de Domingo foi o Thurston Moore. Mas não veio sozinho; consigo trouxe o seu companheiro de banda, Steve Shelley, baterista dos Sonic Youth, e ainda o guitarrista James Sedwards. «Eles são virgens, nunca aqui estiveram», introduziu-os Thurston. Quanto ao palco escolhido, esse não podia ser outro. A Galeria Zé Dos Bois tem sido a sua escolha primária por alguns longos anos.
O concerto, marcado para as seis e meia da tarde, marcou o seu regresso em nome próprio depois do anonimato nos Chelsea Light Moving. E, se em 2012 deu a experimentar, naquela mesma sala, um formato mais experimental e drone, na tarde de Domingo voltou a pôr-nos em contacto com os nunca esquecidos Sonic Youth.
À curiosidade face a este novo projecto de Thurston Moore juntou-se a ansiedade dos primeiros acordes dissonantes e confusos. Mas chegou a sua voz para encontrar a afinação dos instrumentos, que cresciam nesse grande novo tema, ainda sem apresentação. Falava-se em amor, enquanto os instrumentos se preocupavam em expulsá-lo da sala. E nós afogados num Aquário de memórias avivadas pela voz de Thurston. Na verdade, tanto como pelo instrumental propositadamente desafinado, em que a única coisa que poderia faltar era um baixo nas mãos de Kim Gordon.
Entre as suas novas músicas, das quais só nos apresentou a distorcida “Royal Blood”, trouxe-nos de volta a 1995 com “Ono Soul”, desde esse ano dedicada a Yoko Ono. Mas foram os novos acordes que, com a mesma voz de sempre, nos deixaram uma curiosidade satisfatória face ao novo álbum que chega em Setembro.
Depois de dois encores esforçados em prolongar um concerto que se fez pequeno, Thurston Moore despediu-se com um até breve que não precisou de verbalizar. Afinal de contas, se falasse (e quem sabe cantasse) nesta bela língua que é o português, mudar-se-ia para Lisboa. Enquanto isso não acontece, continuará a ter um lugar cativo na Galeria Zé Dos Bois, na qual o esperamos, quem sabe, depois deste Verão.
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(Fotos gentilmente cedidas por Vera Marmelo)
