
O Primavera não seria o mesmo sem conhecermos, nas primeiras horas, algumas pessoas que admiramos há muito tempo. Este ano, foi o caso de Jason Pierce de Spiritualized e de Har Mar Superstar. Na primeira hora. Mais tarde, apesar de não termos travado contacto, tivemos a sensação reconfortante de ver o Ariel Pink a passear pelo recinto, todo contente. Isto acontece todos os anos, em zonas diferentes do festival. É equivalente ao João Botelho para a noite lisboeta (ele está em todo o lado).
Giant Sand (palco Ray-Ban): Howe Gelb regressou aos palcos com uma formação alargada, de nome Giant Giant Sand. Continuam a ser um bastião de alt.country, agora com uma vertente de tendência mariachi. Brincadeiras aparte, mantêm-se absolutamente respeitáveis e contam, neste momento, com a participação de uma vocalista croata belíssima – de todas as maneiras – e com talento evidente, chamada Lovely Quinces.
Viet Cong (palco Pitchfork) – queríamos ver como os Viet Cong da noite anterior lidariam com um palco de festival. Na verdade, a atitude não se distingue. Eles rockam em qualquer cenário. Contudo, saem claramente favorecidos pelo ambiente de clube. É uma banda que não deve ser posta a tocar à luz do dia.
The Replacements (palco Primavera): Os históricos do indie americano foram uma pequena desilusão, graças a um catálogo absurdo no alinhamento. Quando a banda de Paul Westerberg não se instala a fazer covers de Jackson 5 e músicas tradicionais irlandesas e, em vez disso, se comporta como o equivalente americano de Elvis Costello e uma espécie de figura paternal de Superchunk, é óptima. Mas, para cada vez que isso aconteceu, tivemos quatro músicas incompreensíveis.
Mineral (palco Pitchfork) – Seguindo uma certa temática emo do festival, não poderíamos ter faltado à reunião de Mineral. Não sendo uma banda extremamente popular, são uma referência inevitável do emocore de qualidade. O concerto foi excelente e duvidamos que alguma vez tenham sido tão bons ao vivo. Recentemente, em Milão, não o eram. Estão absolutamente em forma e “February” foi um dos momentos altos. O domínio sobre o feedback das guitarras é uma maravilha.
Brand New (palco Adidas Originals) – Quem achar que os nova-iorquinos não são um grupo relevante para se ver ao vivo, que se desengane. Também eles com um pé e meio no emo, os Brand New são surpreendentemente dinâmicos e valem muito a pena. Um concerto particularmente dramático, também.
Tyler the Creator (palco Pitchfork) – De uma perspectiva pessoal, acredito que a maioria dos concertos de hip-hop não é boa. Esse não é o caso de gente de Odd Future. Bastam Tyler, um segundo MC cujo nome me escapa, e um DJ (Taco). Foi um concerto que alternou as explosões do público, provocadas por “Tamale” e “Yonkers”, com a suavidade ácida de Tyler, reflectida em “Fucking Young” e “IFHY”. Espectacular.
The Black Keys (palco Primavera) – Do pouco que tivémos oportunidade de acompanhar, foi monótono e o som estava mau. Consta que tocaram os êxitos todos, ao contrário da prática habitual da banda.
Jungle (palco Ray-Ban) – O anfiteatro do mais bonito palco do Primavera estava completamente cheio para ver Jungle. Os britânicos são excelentes ao vivo, confirmando que cresceram desde o concerto que vi em 2014, um dos melhores desse ano, e a solidez de canções como “The Heat” e “Busy Earnin'”. Sempre que Jungle tocar num festival, não se deve evitar.