Na passada quinta e sexta-feira, King Dude voltou aos palcos portugueses para dois concertos, no Porto e em Lisboa, respectivamente. Já passara dois anos desde a sua breve passagem pelo Porto, no aniversário da Amplificasom. Com a Rua cor-de-rosa tingida a negro, a fila é longa mas o Musicbox chega pra todos.
Valeu a pena o atraso, onde se pôde ouvir quase na íntegra “Pain is Beauty”, de Chelsea Wolfe, artista e amiga próxima de TJ Cowgill, com quem já colaborou por várias vezes, como no EP Sing More Songs together. Os elementos no palco eram poucos, mas marcantes. Uma pequena mesa com três velas e um copo de whisky, uma bandeira branca com bordados do que parecia ser uma caveira. Desta vez, King Dude vem apenas acompanhado da sua guitarra, com um pequeno piano à sua esquerda, que iria deixar para mais tarde.
King Dude é a essência da folk mais sombria, uma cerimónia que tem tanto de aterrador como de hipnotizante, temas de morte, Deus e Diabo, amores eternos ou perdidos. Neste dia, o tema da morte não podia estar mais perto de TJ Cowgill, que dedicou a comovedora “Lord I’m Coming Home” a um amigo que partira nesse dia.
À falta de setlist, cria-se um ambiente de descontração e comunicação com o público. Com pedidos de músicas, elogios rasgados à capital portuguesa, cigarros de mentol trocados entre o público e o artista, seguiram-se as bem conhecidas “Barbara Anne”, “Marie”, “Vision em Black” e a tentativa de coro com o público no mantra de King Dude: “Lucifer’s the Light of the World”.
No fim, Cowgill volta para tocar duas das suas mais recentes músicas do álbum Fear para saciar o público caloroso que aplaudia por uma despedida mais tardia. Um concerto íntimo de alma cheia, difícil de deixar à porta da sala do Cais do Sodré.
(Fotos: Francisco Fidalgo)