
O primeiro dia do Primavera Sound de Barcelona pode e deve ser o dia 0, aquele em que os concertos começam no Parc del Fórum, antes dos três dias principais do festival. É uma entrada em força e que vale a pena. O motivo central costuma ser a sala Apolo, que é a melhor maneira de regressar à celebração que é o Primavera Sound.
Contudo, ao contrário de anos anteriores, o palco do Parc del Fórum em 2015 não foi particularmente apelativo. OMD, Albert Hammond Jr., Cinerama, Christina Rosenvinge, Panama e Las Ruinas. Mas o Apolo é sempre uma garantia de qualidade – e pode dizer-se isto, porque nas seis edições anteriores, a primeira noite foi sempre impressionante. E ontem voltou a acontecer.
A sala do Apolo tinha lotação esgotada logo ao primeiro concerto, que começou mais tarde que em anos anteriores. O cartaz do Apolo, que costuma ser composto por duas ou três bandas interessantes e um DJ, este ano teve uma abordagem diferente. Provavelmente para evitar enchentes, a organização parece ter dividido o foco de atenção por outras salas, como o Barts. Só que os Viet Cong foram razão mais do que suficiente para que o Apolo estivesse tão ou mais cheio, desta vez.
Viet Cong deram um concerto excelente. Talvez um pouco mais post-punk do que seria expectável de uma banda a surgir em 2014-2015. Mas sem se tornarem repetitivos. E uma banda sólida, escura, cheia de força. Muito recomendável.
Seguiram-se the Juan MacLean e Nancy Whang, ambos da famosa DFA. Juan MacLean deu um concerto interessante, como costumam ser os live acts da DFA e semelhantes (estamos a falar de Soulwax) – uma espécie de dance music, interpretada por uma banda orgânica. Mas a surpresa da noite foi Nancy Whang, que confirmou ser uma excelente DJ.
Seja como for, fica a impressão de que havia espaço para mais alguém no cartaz, talvez antes de Viet Cong. Espaço para uma das imprevisibilidades do Primavera. Desta vez, não aconteceu. Mas, quando a qualidade é entregue, não temos nada do que nos queixar.
(Fotos cedidas por Dani Canto)