Foi a segunda noite do novíssimo Festival de Inverno, organizado pela Music in my Soul, que animou o Santiago Alquimista na noite do passado dia 22 de Fevereiro. Com um cartaz que se dividia entre o Teatro do Bairro e o Santiago Alquimista, o festival trouxe a Lisboa uma mão cheia de artistas frescos e em ascensão. Enquanto no Bairro Alto a festa era feita por Denis, O Martim e Erica Buettner, que abriu recentemente para Jacco Gardner, em Alfama foram Thomas Anahory, Anarchicks e Balla quem domou a plateia.
Thomas Anahory abriu a noite da mítica sala lisboeta. Com baladas de rock ligeiro a fazer lembrar Bob Dylan, a música e a atitude da banda foram ficando progressivamente mais entusiasmantes, à medida que o público, aos poucos, ia chegando. De guitarra acústica na mão e harmónica na boca, o vocalista comandava a guitarra eléctrica que solava triunfantemente música fora, até ficar sozinho em palco a mostrar que é capaz, de voz em riste, de se fazer soar alto. Johnny Cash foi também um dos nomes recordados no início da noite, havendo até solos atrás do pescoço e saltos de guitarra na mão incluídos, em jeito de celebração. “Eu vou acertar com o salto”, dizia Anahory. E no último acorde, acertou.
A banda seguinte, as Anarchicks, foi quem mais fregueses trouxe à casa. Transportando o punk-rock de Really?! na bagagem e já com a nova vocalista, a banda soube entreter e aquecer bem o público na noite fria e invernosa. Houve canções novas em quantidades gratificantes, houve versão de “Helter Skelter”, dos Beatles, houve uma baqueta a voar e a voltar, tal e qual um boomerang. Houve muita dança e ainda tentativas de moche por parte de um pequeno grupo de entusiastas da prática. As Anarchicks provaram, numa noite memorável, que vieram pra ficar e que têm muito potencial para fazer coisas grandes, cheias de melodias e contratempos pouco habituais.
Seria logo a seguir que viria para o palco Balla, projecto de Armando Teixeira. Saído directamente dos anos 80, o músico liderou aquele que foi um concerto sólido e bem conseguido, com o hit “Montra” – inspirado em “Rapaz Caleidoscópio” dos UHF – obviamente incluído. Teclados supersónicos e guitarras espaciais fizeram o pop da festa que também passou pelo rock leve de Thomas Anahory e pelo punk-rock energético das Anarchicks.
O Festival de Inverno chega-nos com uma primeira edição pouco concorrida mas com potencial para ganhar mais público nas eventuais próximas edições. Com um cartaz ecléctico, o único problema terá sido uma não muito boa gestão do alinhamento e dos preços, algo a corrigir em 2015, se se realizar de novo.