Foram uns Editors empenhados mas pouco entusiasmados que chegaram ao Coliseu de Lisboa para apresentar o novo álbum, A Ton of Love. A sala estava a meio-gás, provavelmente fruto da fraca receptividade do quarto trabalho de originais da banda de Tom Smith e da passagem recente por Portugal – tocaram no Optimus Alive, em Julho. O público, ainda assim, reagiu com animação à chegada da banda britânica, provavelmente mais ansioso por ouvir os temas “antigos” dos dois primeiros discos do que as canções mais recentes.
Depois de uma primeira parte curta de Balthazar, que despertou não mais do que uma curiosidade sonolenta do (pouco) público à frente do palco, mas que mesmo assim acompanharam com palmas, os Editors chegaram passava pouco das 22h e abriram de imediato com “Sugar”, tema do último disco.
Os que esperavam os êxitos de An End Has a Start (de 2007) não tiveram de esperar muito. Logo à terceira música (um pouco cedo demais no alinhamento de 21 canções, a meu ver), os Editors entregaram “Smokers Outside Hospital Doors” e as reacções não se fizeram esperar. Tema poderoso, bem acompanhado pelas luzes ritmadas ao som da bateria, soube animar a plateia e provocou as primeiras reacções mais entusiastas da noite.
No palco, Tom Smith rodava entre os vários microfones, o piano e o teclado, e trocava de guitarras. Expressivo na forma de se mover e de cantar, subia para cima do piano, acocorava-se, esticava os braços para o tecto e retorcia-se, sempre enquadrado por um jogo de luzes inteligente.
Numa clara tentativa de equilíbrio entre os temas mais recentes, que sabem ser menos fortes, e as músicas antigas, os Editors revisitaram “Bones”, “Eat Raw Meat” e “All Sparks”, intercalando com “You Don’t Know Love” ou “Formaldehyde”. Dos temas novos só “A Ton of Love”, o single, foi bem recebido, mas rapidamente suplantado pela reacção entusiástica a “An End Has a Start” – mesmo com um ligeiro problema técnico que levou a interromper a música a meio e foi a única verdadeira surpresa da noite. O alinhamento, aliás, foi semelhante ao do concerto da véspera, no Porto, incluindo o ‘encore’.
Pouco comunicativo mas cordial, Tom Smith ia puxando pela plateia, que acompanhava com palmas ou cantando o refrão dos temas mais conhecidos. A meio do alinhamento os Editors vão começando a dar variações ligeiras aos temas como “Bullets”, numa lógica mais dançável que quase se podia levar directamente para a pista de dança. Em “Munich” a opção passou por uma parte só de bateria e para “The Phone Book” decidiram apostar no acústico, bem recebido pelo público. Em “Racing Rats” voltaram a mostrar a força de concertos anteriores, seguindo-se “Honesty” que, com coro de estádio, não tem como correr mal, fechando o alinhamento antes do ‘encore’.
O grupo não se fez esperar muito e tocou mais três temas: “Brick and Mortar” foi um dos momentos altos e, a fechar, “Papillon”, numa versão longa e dançável, que levou a sala ao rubro mas que não foi surpreendente para quem os viu no Optimus Alive.
Apesar dos esforços e da atenção do público (a banda deu o que os presentes queriam ouvir), os Editors não conseguiram mais do que um concerto morno. Tom Smith enche o palco mas os êxitos dos dois primeiros discos começam a não ser suficientes para levar o público a um concerto da banda, especialmente numa altura em que o número de espectáculos é grande. Um concerto que foi apenas o suficiente e não ficará na memória como um dos concertos do ano nem sequer como um dos melhores concertos de Editors em Portugal.
Fotos: Francisco Pereira