Esta foi um das primeiras músicas que fiz e é uma cover. Por favor baixem os telemóveis e não filmem nem tirem fotografias.” Se o pedido de Chet Faker tivesse sido totalmente respeitado teria sido um momento memorável num Coliseu cheio. O público gritou e assobiou. Já sabia que vinha aí “No Diggity”, ‘cover’ dos Blackstreet e uma das músicas mais conhecidas do músico e DJ australiano. A maior parte do Coliseu esgotado desceu mesmo os telemóveis e até se acenderam isqueiros, à antiga. Mas alguns viciados não resistiram a puxar dos telefones e a filmar a música do início ao fim. Uma pena.
Chet Faker, que na verdade se chama Nick Murphy, já tinha aquecido público quando se lançou nos temas mais conhecidos. Chegou poucos minutos depois da hora marcada e depois de uma intro de abertura onde mostrou os seus dotes de DJ e o fabuloso jogo de luzes, entre focos atrás da banda e holofotes que alternavam entre o branco e o vermelho e até rosa atacou de imediato “Melt”, seguido de “Release Your Problems”. Assim que se mostrou em palco o público recebeu-o de braços abertos, com palmas e gritos, acompanhando os ritmos e cantando tão alto que em alguns momentos a voz quente de Faker nem se ouvia bem.
O músico não desiludiu os que chamavam e aplaudiam – havia também, como sempre, os que só conversavam e quem gritasse como se estivesse a ver a ‘performance’ do século. Deu um concerto consistente, acompanhado de uma banda sem falhas, ele próprio no piano e sintetizador e aventurando-se na guitarra no ‘sexy blues’ de “Cigarrettes and Loneliness”, já no encore. Um concerto mais sólido do que o que apresentou no NOS Alive o ano passado (tocará outra vez este ano, no palco principal, dia 11, numa confirmação de última hora), com o excelente jogo de luzes a potenciar a envolvência entre artistas e espectadores.
Houve de tudo. Cantou o arranque de “To Me” praticamente a capella, só com um coro ligeiro e deixou os instrumentais e refrões prolongarem-se para o público acompanhar o ritmo com palmas. No início de “1998” transformou o Coliseu numa amostra de pista de dança, mostrando novamente a veia de DJ e, a fechar, deu a vez a quem o ouvia: numa versão acústica de “Talk is Cheap” foi o público que se encarregou de gritar o refrão. Quando Chet Faker saiu do palco, a missão estava cumprida. Sábado há mais.
Fotos: Mafalda Piteira de Barros