Vamos já despachar as referências a Tinariwen: O som de Bombino lembra Tinariwen; Ele é Tuareg; Ele é activista; Ele cita Ibrahim Ag Alhabib como o seu guitarrista preferido.
Já está? Óptimo.
Posto isso, podemos passar ao que agora interessa: o groove dele. Tanto groove que se duvida estar apenas uma guitarra em palco.
O rapaz que não pára de sorrir enquanto toca tem muito balanço. Toca os blues do deserto, toca o rock do deserto, toca o ska do deserto. Ele toca muito…
Diz tocar para os amigos e inimigos. Diz-se de alguns artistas usarem a guitarra como uma arma. Ele parece querer usá-la como um pelotão de capacetes azuis: apazigua e une-nos em torno do que é universal.
Mesmo quem ia vendo o concerto enquanto conferia os resultados da última jornada não podia ficar indiferente aos carrosséis de guitarra que íamos ouvindo. Cada vez que se dava a volta a um refrão, Bombino ia tecendo uma malha cada vez mais apertada.
O lampião mais convicto não deixava de reagir ao ritmo, tenho mesmo a certeza que o vi a saltar de braços no ar e sorriso na boca enquanto o Porto ganhava mais um título.
A verdade é que o rapaz sorridente tocou com técnica e feeling e isso é que interessa num Domingo ao fim do dia.
Este concerto pretendia apresentar o último álbum, Nomad. Foi feito, Amidinine, a faixa de abertura, arrancou mesmo uma das melhores reacções da noite.
Mas o que este fim de dia nos apresentou realmente foi um músico talentoso a fazer o que mais gosta. E isso é que nos fez ganhar a noite.
Não tenho dúvidas que a guitarra Cort do Bombino, fabricada na Coreia, foi mesmo a melhor coisa a sair de lá…
(fotos por Duarte Pinto Coelho)