Os Public Service Broadcasting são um duo inglês que gosta de se fechar no estúdio e, com base num conceito, encontrar os sons que nele façam sentido. Foi assim com o disco de estreia, de 2013, e volta a suceder agora, com ainda melhores resultados.
A própria banda nasce de uma aventura conceptual: pegar em clips sonoros do passado e interliga-los com música feita agora. Os clips em causa têm, quase sempre, um carácter histórico ou “oficial”, como os anúncios radiofónicos britânicos do tempo da II Grande Guerra ou o discurso de Kennedy em Berlim.
Agora, o regresso dá-se com The Race for Space, dedicado ao período da corrida espacial. A partir dos anos 50, americanos e russos investiram forte e feio para tentar ganhar essa corrida: simplesmente, serem os primeiros a colocar um homem no espaço. A vitória sorriria aos soviéticos, com o herói mundial Yuri Gagarin, com os norte-americanos a vingarem-se mais tarde, com o feito de terem o primeiro homem a caminhar na lua.
O que este disco faz é uma maravilhosa homenagem a esses anos, com recurso a inúmeros takes sonoros de então, de vários países. Temos temas inspirados no triunfo russo, em “Gagarin”, ou nas aventuras das naves Apollo, em “Go”, bem como noutros episódios marcantes, com recurso a comunicações áudio originais.
O que os Public Service Broadcasting atingem é um álbum conceptual do princípio ao fim, com os clips sonoros históricos editados por entre uma música que, na maior parte do tempo, cruza os caminhos vintage do krautrock. Ritmo maquinal, ambiente, uma ligeira incursão pelo funk, no fundo uma viagem cósmica guiada a bateria, baixo, guitarra eléctrica e muito sintetizador, mas com um controlo e um bom gosto de assinalar.
Um disco muito bem conseguido e um dos artefactos musicais mais interessantes deste início de ano.
Quem quer entrar na corrida?