Sim, eu sei, é mais um álbum um pouco, vá, antigo. O homónimo álbum dos The Presidents of the USA é de 1995 e é o primeiro álbum da banda apesar de terem nascido em 1993. Trata-se de mais um álbum que me acompanhou na adolescência e que está quase a fazer 19 anos. É neste momento que choro um pouco para muito rapidamente me alegrar por não ser da geração do ‘LOL’ que afinal agora é irónico, do ‘tipo’, e das selfies com biquinho. Trintona, mas orgulhosa da sua adolescência dos 90’s (thank God que nos anos 80 era demasiado nova e quis o destino que eu vivesse esta fase conturbada e importante da vida nos anos 90).
Vamos ao que importa. Este álbum tem 12 músicas e começa com “Kitty”. Começa bem, com energia e com, vá, algum sentimento de incompreensão em relação ao pobre bicho, ou saco de ossos, que indefeso, volta da rua. Mas isto são histórias e na música o gatinho até ronrona e corre tudo muito bem até que ele mete a unha nos jeans do dono e o caldo entorna-se. A música é boa, tenho-o dito.
A música seguinte não tem a mesma energia. Ouve-se bem, mas lá para a frente há mais e melhor. E é logo ali na terceira música: ”Lump”. Se isto não grita anos noventa e América ao mesmo tempo, então não sei o que gritará. Os tipos são de Seattle, mas isto não tem nada a ver com Nirvana. Há aqui humor nas letras e uma energia diferentes nas batidas. Para mim são ligas diferentes, e uma banda não invalida a outra. Os CDs não se zangam na prateleira e do ‘n’ ao ‘p’ ainda vai um espaço de protecção.
De seguida a tendência energética volta a abrandar com o início de “Stranger”. Mas isto vai só durar um bocadinho porque depois de um minuto a energia volta para se dissipar novamente. E como nós queremos é energia, passamos rapidamente para a próxima: “Bob Weevil”. Aqui é contada a história do Bob que não parece querer sair de casa, por mais que o amigo-cantor insista, dizendo que o sol está a brilhar lá fora. Não terá sido argumento suficiente e o Bob continuou agarrado ao seu sofá.
De seguida: “Peaches”. Esta música é mítica. A letra é do mais tonto que existe, e sim, é sobre pêssegos. Só isto. O senhor gosta do seu pêssego e não tem medo de o cantar. Se eu fosse crítica literária arraçada de psicóloga, diria que o pêssego representa outra coisa. A mãe dele, ou qualquer coisa. Mas como estamos aqui para apreciar o todo, se não formos uns picuinhas com medo de letras tontas, podemos claramente apreciar todo o arranjo musical, e mais uma vez, a energia que emana destas músicas.
“Dune Buggy”, “Back Porch”, “Candy” e “Naked And Famous” são músicas igualmente boas mas que se perdem no meio de todas as outras. Uma especial anotação para “We Are Not Going to Make It’, onde a banda assume a sua crença de que não vai ter sucesso e que existem bandas melhores. Uma boa dose de humildade com humor.
Depois existem músicas cujo título diz tudo: “Kick Out The Jams”. Num ritmo intenso com batidas fortes e cantado com alguma velocidade, esta música é a que escolho para ouvir bem alto no carro. É preciso é ter cuidado para não pontapear nada e continuar a conduzir em segurança…
Em última instância e na minha opinião, apesar de terem editado outros álbuns e ainda estarem no activo, este álbum é O álbum dos presidentes. A sensação que tenho é que eles pertencem a 1995 e a partir do momento em que o tempo passa e o relógio não pára, tudo o resto que surge após este álbum parece desenquadrado e aquém da grande estreia. But that’s just me…