Uma explosão de cor, energia e melodias sumarentas a fervilhar em eletricidade. Foi assim que o quarteto australiano cumprimentou o ano, com o seu quinto (!) disco, que assegura que não nos deixarão esquecermo-nos deles tão cedo.
Liderados pelo sempre alienígena vocalista Nick Albrook, Pond (que também conta com os esforços de Jay Watson [Tame Impala], Joe Ryan e Jamie Terry, na altura em que esta crítica é redigida) mostram que, ao fim de sete anos de prática, já possuem todas as licenças para navegar confortavelmente pela ventania psicadélica já visitada em trabalhos anteriores, com os mesmos membros ou não. Man It Feels Like Space Again cumpre a difícil tarefa de se seguir ao sucesso de Hobo Rocket, que, com dois anos na manga, já começava a ganhar pó na prateleira. Superou? É segredo.
A viagem começa. Apertamos os cintos ao som de «Waiting Around For Grace»; um arranque suave, cintilando com uma doçura que nos relembra uns longínquos MGMT, apenas para se ligar o motor no máximo e arrancar velozmente pela atmosfera, assim que a doçura dá lugar ao ritmo contagiante. São mais oito paragens, todas elas tecidas meticulosamente por entre riffs a arder em calor de verão e belas melodias embrulhadas em boa disposição e muita experiência na coisa.
Nem damos pelo tempo a passar enquanto seguimos viagem através das nuvens, deixando para trás a chuva e o vento lá de casa e entregando-nos à turbulência deste psicadelismo saboroso – quer seja ao ritmo da velocidade tempestuosa de «Zond», ou ao sabor das proporções crescentemente épicas de «Heroic Shart», ou a repentina calamidade semi acústica de «Medicine Hat».
Cada faixa é um pequeno mundo, uma pequena paragem que fazemos para abrir as portas e inspirar o ar fresco e desconhecido. Man It Feels Like Space Again é diverso, e tem espaço para todos nós, por vezes até na mesma música; os melancólicos, os seres dançantes que só querem mexer a anca ao som de uma batida que puxe por isso, os nostálgicos de tempos mais simples para o rock, e os novatos que só querem mergulhar distraidamente um dedo no pé nesta lagoa durante uma tarde de sol ou de chuva. Não ser um álbum difícil não risca a sua qualidade; é um álbum fácil, que não se chega a estranhar – ouve-se e entranha-se, entranha-se e entranha-se. E de que forma.
«Man It Feels Like Space Again», a faixa-título, acompanha a aterragem, pondo um ponto final a esta curiosa viagem da forma mais apropriada – vozes distorcidas, coros distantes, mudanças repentinas, uma melodia cheia daquela doçura de despedida que nos deixa o sabor na boca muito depois de dizermos adeus. Adeus, Pond. E até já. Vemo-nos por outras viagens, e sem dúvida que ficamos à espera.