Os Bandidos cantam histórias de heróis do passado, daqueles verdadeiros … sem tretas! Como o Rock’n’Roll!
Do mundano relato das peripécias do dia à mesa do jantar à cinematográfica partilha de narrativas de terror à volta da fogueira, o ato de contar histórias parece estar sempre acompanhado de rituais que nos ajudam a alhear-nos de tudo o que se passa à nossa volta para podermos viajar para tempos e locais mais ou menos distantes.
Assim sendo, que melhor ritual que um concerto de Rock’n’Roll para nos deixarmos absorver nas aventuras de bandidos de bom coração?
Os Bandidos são uma banda ainda com poucos concertos, mas com muitos ensaios para burilar o seu conceito e gerar o seu primeiro disco, para o qual ficámos com água na boca!
Como cada canção conta uma história, é normal que nos foquemos em primeiro lugar em como Joaquim de Brito, que nem Corto Maltese roqueiro, faz deambular a sua voz grossa pelo papel de narrador ou assumindo as vestes das personagens, revisitando as lendas e piscando o olho ao presente.
À medida que o concerto evolui, vamos começando a perceber que para além das letras também a música nos ajuda a sentir a luz (ou a falta dela) da vida dupla do Ladrão Fino, os aromas do escritório de Madame Brouillard, a trama do Insubmisso ou a humanidade sem filtros da Maria dos Garotos.
Partindo de profundas raízes Blues, bem assentes numa bela sessão rítmica – Rui Alves na bateria e Thiago Hallak no baixo -, o som dos Bandidos ostenta diferentes ramagens, ora mais próximas do Rock, quando a guitarra de Rui Galveias lhe apeteça sobressair. Ora com tons quase jazzy, quando os teclados de Íris Sarai insistem em assumir as rédeas! Há também momentos em modo full on Blues Rock onde entra em cena a slide-guitar de Joaquim de Brito, e até em registo de calmaria – com o vocalista sentado ao piano.
Tal como o público que quase encheu o Bota, gostámos muito e pedimos mais! Na passada quarta-feira satisfizemos-nos com uma reprise, mas queremos ver mesmo esse disco a sair!
Fotografias: Rui Gato