Banda que já vai no seu quinto álbum, algo que se pode dizer dos The Men é que já são homenzinhos (sim eu sei, piada fácil. adiante). Desde 2010 que a banda já nos habituou a um álbum por ano, e 2014 não foi excepção sendo o da vez este Tomorrow’s Hits. E a impressão que fica de uma primeira audição é que mais uma vez eles decidiram mudar face ao registo anterior. Veja-se por exemplo o arranque de Open Your Heart, com “Turn It Around“, malhão estridente cujo propósito único é rebentar com ouvidos e compare-se com o rock n’roll de “Dark Waltz”. São definitivamente outros tempos.
A segunda e seguintes audições confirmam o volte face ao nível da sonoridade. O punk perdeu espaço e quem o ganhou foi o rock clássico, influências como Bruce Springsteen e Creedence Clearwater Revival são facilmente reconhecíveis. Faz-nos pensar que este álbum lançado lá para início dos anos 70 seria uma pérola, enquanto que sendo lançado em 2014 vai parar ao caixote que açambarca tudo de nome indie. Parece que o rock per se desapareceu do mapa e tudo o que é feito hoje tem de ser forçosamente encaixado numa das muitas ramificações criadas, seja indie rock, rock alternativo, tornou-se inaceitável alguém fazer um álbum puro rock n’roll. Pois os The Men fazem-no, fizeram-no e deram-lhe o quiçá apropriado nome de hits do amanhã. É bem visto no sentido em que se o rock dos anos 70 se ouve agora, pode ser que este se ouça daqui a 30/40 anos.
Posto isto este Tomorrow’s Hits é um disco cuja melhor definição é um “porreiro, pá”. Não deslumbra, mas agrada. Não muda vidas, mas é entra bem no ouvido. Senti-o com uma entrada para a base do rock, com baladas (“Sleepless”), rock mais abrasivo de riffs potentes (“Pearly Gates”, “Another Night”), e na sua maioria com a grande influência do rock, o blues sempre a espreitar. Desprentensioso. Directo ao que interessa, sem falinhas mansas. Sólido. Acho que só por isto merece ser ouvido. Agora decidam vocês.