Nesta nova semana, vamos dedicar as nossas canções do dia a esmiuçar algumas das canções que incluímos na playlist que acabámos de publicar – com uma pequena exceção preparada para sexta-feira, porque não é todos os dias que um dos Deuses desce do Olimpo para nos visitar a nós, comuns mortais.
Mas vamos primeiro a uma das canções incluídas nesta playlist que, pegando em canções antigas, almeja a incendiar pistas de dança improvisadas nos quartos e salas de estar de cada um que nos lê. E começamos por “Loco in Acapulco”, por uma razão egoísta: é uma obsessão recente mas profunda deste que vos escreve.
Esta é uma canção encharcada em tequila e Mezcal, o gasóleo que a faz avançar é uma felicidade que é falsa. Porque não é bem felicidade, é um desespero com sede (muita sede) de vingança. A vida está do avesso e tu estás perdido no meio do México, num bar esconso de Acapulco, e vais virar cowboy de virar shots se “ficares demasiado tempo”.
Na verdade tu só querias mesmo era voltar a ela, estás condenado a ser “perseguido pelo rosto que ela tem”, mas não tens jeito nenhum para isto, acabas sempre a estragar tudo, dizes sempre a coisa certa na hora errada e a coisa errada na hora certa. O que te resta é forjares uma alegria eufórica, teclados a brilhar, gritares, atirares-te de cabeça para a próxima festa – e na coluna está a tocar esta canção dos Four Tops feita só para ti, a voz do Levi Stubbs a ribombar, esse sacana que cantava como se a vida dependesse disso, que em 4 minutos e 34 segundos é capaz de te teletransportar para a Baby’O da Avenida Costera Miguel Alemán 22, e de repente tornaste-te outra pessoa e estás noutro país e capaz de não deixar pedra sobre pedra atrás de ti. É essa a “magia”, não de Acapulco, como reza a canção, mas dos Four Tops.