Os Klaxons já nos habituaram à sua estranheza musical. Guitarras descontroladas, falsetes a despropósito, efeitos inesperados: há de tudo nos discos dos britânicos, e este Love Frequency não é excepção. E leva a estranheza para um novo nível.
A sensação que dá é que neste terceiro álbum o grupo quis passar por vários géneros musicais, do rock ao pop e ao electrónico e tocando no funk. Nalguns momentos funciona, mas o resultado final acaba por ser confuso e sem consistência.
O frenesim começa logo com o primeiro tema do disco, «New Reality», em que o já habitual falsete se mistura com as guitarras e efeitos dignos da melhor pista de carrinhos de choque. A seguir, sem intermédio, vem «There Is No Other Time», a atirar para o funk. «Show Me a Miracle» já regressa aos Klaxons a que nos habituámos, num registo que continua por «Out of the Dark» – faz lembrar a «Golden Skans», do álbum de 2007 Myths of the Near Future. Também «Children of the Sun» vai buscar um pouco ao estilo mais rock, com coros e guitarras do primeiro trabalho de estúdio da banda.
O electrónico regressa em «Invisible Forces» (até o pianinho tem), e há momentos em que os Klaxons soam a qualquer coisa semelhante a Simian Mobile Disco. «Rythm of Life» não traz nada de diferente.
A surpresa maior surge em «Liquid Light», faixa instrumental, onde uma batida tranquila é acompanhada por arranjos quase etéreos – uma súbita (e bem-vinda) mudança num álbum tão explosivo de sons e efeitos.
A fechar, «Love Frequency», que dá nome ao disco, é despudoradamente pop (fez-me lembrar o «Final Countdown» dos Europe…) e de letra fácil.
O que é certo é que os Klaxons abraçaram sem preconceitos a sua veia mais electrónica. Não se afastaram totalmente do rock e das guitarras, mas, se antes já se sentia a presença dos sintetizadores e arranjos, neste disco são eles que dominam. O efeito é razoavelmente interessante, contudo no geral acaba por soar um pouco a música de jogo de computador e sem nenhum rasgo de inspiração, com alguns momentos de estupefacção ao melhor estilo de «o que é que lhes passou pela cabeça?»