Nos dias que correm são raras as bandas que conseguem agarrar um público fiel durante mais de 2/3 álbuns. É inevitável; o tempo passa, aparecerem outras bandas, e facilmente nos desligamos. Porque a velocidade a que as coisas acontecem, o tempo limitado que temos disponível e o acesso a um total infinito a isso nos levaram, há que selecionar muito bem o que vemos, ouvimos, lemos, porque os minutos são preciosos, as horas ainda mais. Naturalmente que a pressão resultante disto recai nos ombros de quem produz mais que nunca.
O caso dos The Kills é paradigmático disto mesmo – lançaram um grande álbum (No Wow) já lá vão 10 anos e na altura tornaram-se um caso instantâneo de sucesso (aproveitando também anos onde indie rock apareceu em força) pela boa conjugação de Alison Mosshart e Jamie Hince, com (respectivamente) voz e riffs servidos crus e carregados de energia. Dois álbuns depois e eis que nos chega no ano da graça de dois mil e dezasseis Ash & Ice e tenho perto de zero de vontade de ouvir o que têm eles para mostrar agora, mas ainda assim, e tendo em mente que vão dar concerto em Lisboa, espreito. Não me convence à primeira, mas não posso escrever um artigo sobre o mesmo neste prestigiado site que é o Altamont baseado apenas numa audição pelo que vou à segunda. E aí o sentimento ficou claro – trata-se de um álbum molengão, sem rasgo de energia que me cativou há 10 anos atrás, e cheio de beats de boombox lá no fundo para compôr um ramalhete que não aquece nem arrefece. Lá pelo meio, em “Siberian Nights” ainda há aparece uma luz ao fundo do túnel, mas passados 3 minutos vemos que a música já não vai passar daquilo e eles ainda a esticam até aos 5. É um pouco isto o álbum, rapidamente nos dá vontade de passar de faixa com aquele sentimento que por vezes temos quando estamos em bares/festas “Deixa só ver qual é a próxima música” com a esperança que aí sim, vá pegar, mas não, nunca pega.