O duo norte-americano composto por Dexter Tortoriello e a sua companheira Megan Messina chega-nos com o seu terceiro álbum de originais, A Quiet Darkness, cuja mística estivemos a desvendar. Por entre uma refrescante mistura de electrónica com um pop”zinho” muito subtil, encontramos uma agradável surpresa para estes dias de verão. Apesar de não estarmos perante um autêntico monumento musical, a calma e tranquilidade sensível que este trabalho nos transmite é um verdadeiro tónico para as noites quentes, passadas de papo para o ar a pensar na/o “ the one that got away”.
Estamos perante uma equipa que ainda procura nitidamente o seu estilo de jogo ideal: depois de um All Night (2010) mais animado, onde se destaca uma sonoridade mais jovial, descontraída, este novo trabalho apresenta-se muito diferente, apesar de a já característica voz de Tortoriello manter-se quase no campo do murmúrio, tal e qual como tinha sido até agora. Temos um conjunto instrumental bastante mais downtempo e cristalino, ao contrário do seu passado ligeiramente mais animado, onde se torna impossível não notar um certo toque de inocência quase infantil nos trechos instrumentais que envolvem praticamente todo o álbum. Acaba mesmo por ser este factor o principal responsável por nos colar estas faixas aos ouvidos durante umas boas horas. Por muito emocionalmente escassos que possamos ser, não dá para não achar um certo elo de ligação com aquilo que se ouve.
Em plena Silly Season, quem tem uma ponta de interesse é rei, e este caso enquadra-se perfeitamente nesta metáfora. Apesar de termos uns bons momentos de relaxamento e descontracção por entre as onze faixas que compõem este A Quiet Darkness, estamos longe de ter em mãos um clássico em potência. Temos uma sonoridade inovadora, de certa forma, um conjunto de letras até bem consistente e sumarento, mas não deixa de lhe faltar aquele toque de Midas que separa o Hendrix do Bieber, o Caetano do Roberto Leal, o croquete do faisão.
De destacar “Tenderly”, expoente máximo de toda a aura sonhadora e aconchegante que pautam toda a composição, e “The Bloom”, tema inteiramente instrumental que parece ter caído de pára-quedas no meio de todo o bliss-pop que se faz sentir. Profunda e anestesiante.
Ficamos à espera de mais novidades dos Houses e esperemos que encontrem o seu nicho em breve porque por entre toda escuridão silenciosa não se deixa de ouvir uns laivos de potencial à espera de serem aproveitados.