Mais uma Casa Ardente – noite programada pelas Produções Incêndio – na Casa Independente impiedosa, na qual se dançou até que nem uma réstia de cinza restasse.
A noite começou calma, com CAIO a aconchegar a noite fria que reinava lá fora. De janelas fechadas e guitarra ao peito, o jovem cantautor lisboeta desembolsou um punhado de canções do seu último trabalho (Viagem), editado este ano pela French Sisters Experience. Se as brasas mansas de João Santos (CAIO) e companhia nos davam vontade de manta sobre as pernas e chávena na mão, os Gala Drop entrariam pouco depois em palco para acender o rastilho.
Com a sua já habitual e estratosférica mistura de géneros, o conjunto multicultural e multidisciplinar que são os Gala Drop pisaram o palco da Casa Independente determinados a incendiar a pista de dança. O que nos trouxeram foi o calor instrumental de sintetizadores, percussões e guitarras nas quais fomos ouvindo canções mais e menos conhecidas nossas, desde “Samba da Maconha” a “Monad”, em reinterpretações do seu reportório, cheias de uma frescura transpirada cujo segredo só Nelson Gomes, Afonso Simões, Jerry The Cat e companhia conhecem. Viajando com sapiência entre ritmos mais selvagens e tropicais e outros mais electrónicos e gelados, os cinco maravilha apenas pararam uma vez durante a hora de concerto que nos ofereceram, provando que são tão interessantes em disco como em palco.
Não estivessem os nossos corpos e gargantas suficientemente aquecidas, a dupla de DJs cara//vag//yo ainda agraciou a sala cheia com um infalível conjunto de temas de bater com a bunda no chão, do funk carioca mais sujo às canções mais orelhudas e escaldantes do início do século. A festa durou até as duas maestrinas serem obrigadas a apagar o fogo que lhes saía da mesa de mistura mas o calor não nos deixou o resto da noite.