A música popular portuguesa do século XX deu-nos três grandes nomes: Amália Rodrigues, Carlos Paredes e José Afonso. Há algo, então, de profundamente errado quando o grosso da discografia do Zeca está ausente do mercado: após a falência da Movieplay, os 11 álbuns que gravou para a Orfeu de Arnaldo Trindade, entre 1968 e 1981, ficaram perdidos num limbo.
Espalhamos agora a boa-nova: esse vazio editorial está finalmente a ser suprido. Um trabalho a cargo da independente Lusitanian Music. O processo de remasterização tem sido paciente e minucioso. Já foram reeditados os álbuns Cantares do Andarilho, Contos Velhos Rumos Novos e Traz Outro Amigo Também, disponíveis nos formatos vinil, CD e streaming. Aguardamos inquietos os restantes oito.
À boleia deste importante acontecimento, começamos hoje no Altamont o Especial José Afonso. Nas próximas duas semanas, esmiuçaremos os seus 14 álbuns de estúdio, recordaremos o mítico Ao Vivo no Coliseu e lançaremos algumas reflexões sobre o seu legado.
Em 1994, foi lançado o disco-tributo Filhos da Madrugada Cantam José Afonso, dando origem a um concerto no antigo Estádio de Alvalade. Estamos em crer que o sucesso do álbum e do espectáculo foi decisivo na passagem do testemunho para a geração seguinte. Esperamos que a reedição em curso, que disponibilizará a sua música nas plataformas digitais, ajude a passar a chama para os miúdos de hoje. Venham os netos da madrugada…