Alguns do bem, outros do mal, na música, na escrita, na arquitectura ou mesmo na política, não é fácil definir um génio. Às vezes, nem são fáceis de identificar. Ainda assim, entre os génios, essa raça que vive, trabalha e cria com um livro de regras diferente do dos comuns mortais, também há quem seja identificado à nascença. Com Egberto Gismonti, que na sexta-feira, passa no CCB, foi assim.
Neto e sobrinho de músicos, o brasileiro começou a aprender piano aos cinco anos e três anos depois já estudava composição clássica. Aprendeu flauta, clarinete e viola acústica e aos 20 anos já recebia uma bolsa para estudar música em Viena. Nunca mais parou.
Jazz ou sinfónica, ao piano ou à guitarra, com seis, dez ou doze cordas, sozinho ou na companhia de alguns dos maiores músicos do Mundo – em 1981 já gravava com Charlie Haden – Gismonti nunca teve falta de reconhecimento. A gravar, na ECM ou na sua editora (Carmo), o brasileiro nunca foi discreto e o Mundo nunca conseguiu negar a maior das evidências: o génio.
Agora, para sorte de quem não estiver distraído, visita o CCB. No palco do melhor dos auditórios da capital, Egberto Gismonti não apresentará mais do que o habitual. Na ementa musical, uma viagem entre o jazz e o balanço do som brasileiro, mas a lista de ingredientes será bem mais complicada de prever. Piano, guitarra, batuques vários ou sintetizadores, o melhor é esperar tudo. Os génios afinal são tão complicados de prever como difíceis de ignorar. A nós, comuns mortais, resta-nos uma certeza. Será um concerto impossível de esquecer.