Destroyer é como o algodão – não engana. LABYRINTHITIS é mais um belo disco do cantautor canadiano, tão misterioso e denso como dançante.
“Labirintite é um termo impróprio, mas comumente usado, para designar um problema que pode comprometer tanto o equilíbrio quanto a audição, porque afeta o labirinto, estrutura da orelha interna constituída pela cóclea (responsável pela audição) e pelo vestíbulo e canais semicirculares (responsáveis pelo equilíbrio). A labirintite manifesta-se, em geral, depois dos 40 ou 50 anos, decorrente de alterações metabólicas e vestibulares. Níveis aumentados de colesterol, triglicérides e ácido úrico podem acarretar alterações dentro das artérias que reduzem a quantidade de sangue circulando em áreas do cérebro e do labirinto.” (retirado da internet)
Após dois anos que já levamos com um vírus a pisar-nos o pescoço, Destroyer decide atirar-nos um disco com nome de doença para cima, o que só pode ser manifesto mau gosto. Até o próprio admite que o título mais parece de um álbum de Tool, enquanto ao mesmo tempo explica a sua opção por parecer um nome inventado por Jorge Luis Borges e aí conquista-nos. Entremos então em LABYRINTHITIS.
Ao décimo terceiro disco convenhamos que já ninguém lá vai à espera de ser surpreendido, mas o que é facto é que Dan Bejar consegue sempre estimular os nossos ouvidos com a sua palete sonora, dar uma guinada inesperada aqui, meter uma contracurva acolá e há sempre algo interessante para descobrir ao longo da estrada que percorremos na sua companhia. Em entrevista dada à Pitchfork é assumido que ele próprio começou com uma ideia para este álbum que se esfumou com o passar do tempo. John Collins, seu parceiro de longa data, foi o seu Sancho Pança, perdido numa ilha ao largo de Vancouver, na outra ponta do Canadá, mas sempre a contribuir com ideias e misturas mirabolantes, uma das quais resultou no longo rap que termina “June”, uma das mais bem conseguidas canções do disco. E já que estamos nas grandes canções, passemos os ouvidos por “All My Pretty Dresses” e por “It Takes a Thief”, e os seus laivos neworderianos, ou deleitemo-nos com Bejar a ser Tom Waits em “The Last Song”.
LABYRINTHITIS é mais um passo empolgante na evolução interminável de Destroyer, proporcionando deslumbramento e escolhas inesperadas, composição fraturada mas mágica, mistura que apenas Bejar é capaz.