E se o rock, em acto canibalesco, se devorasse a si próprio? Sobraria “Grass”.
Um éter de instrumentos, um lago de segredos de criança no qual reside esta floresta-canção, debaixo da água roxa. Ouvem-se os pássaros, será magia ou será a morte do convencionalismo?
Bombos anunciam a chegada de uma guitarra atómica, gigantesca – dizem-se algumas bandas pós-rock! Em 2 segundos os tons destas 6 cordas rasgam quaisquer céus que bandas tentaram alcançar, em 3 minutos faz-se da canção o que nunca antes se fez: criar algo vivo, que respira. Isto sim, é algo póstumo ao rock, uma ruptura colossal.
“Grass” é um ser vivo, um ambiente, um pequeno cosmos – a infância, portanto. Criança-mundo eufórica, fruto de quatro imaginações, desejosa que a ouçamos.
Está na hora de ser puto ou então morrer ao tentá-lo, dançando o suor e o sangue até nos livrarmos dos dois de vez. Obra-prima.