O glamouroso Transformer, de ’72, produzido pelas mãos de Midas de Bowie, foi o maior sucesso de Lou Reed. Mas, no ano seguinte, o nova-iorquino que inventara o underground demarca-se das lantejoulas de Transformer e faz Berlin, um disco bem mais gélido do que muitos frigoríficos. Uma coisa curiosa é que Reed nunca tinha ido à cidade que deu nome ao álbum. Para ele, Berlim era apenas um arquétipo, a cidade dividida, uma métafora de separação. Em algum momento das nossas vidas, todos já conhecemos o frio da separação a percorrer-nos a espinha. Para Lou Reed, o cenário era um pouco diferente: a heroína de que era dependente erguia-se como o mais altaneiro dos muros de Berlim.
Canção do Dia: Lou Reed – Berlin

Ricardo Romano
"Um bom disco justifica sempre os meios”- defendeu-se Ricardo Romano, ao ser acusado de ter vendido o rim esquerdo da sua tia entrevada para comprar uma edição rara do Led Zeppelin II - o melhor disco de sempre. O juiz não se convenceu, mandando-o para uma prisão com condições desumanas, onde uma vez foi obrigado a ouvir do princípio ao fim um disco do Neil Diamond. Actualmente em liberdade, cumpre pena de trabalho a favor da comunidade no site Altamont mas a proximidade com boas colecções de discos não augura nada de bom.
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