Uma felicidade sufocante que nos enche. Num emaranhado de riffs circulares, mornos, somos atingidos logo nos primeiros instantes por uma melancolia doce que pinta as memórias que temos do tempo em que eramos crianças. Como putos que não tem aulas no dia seguinte, vibramos com a felicidade de ser criança, de ter sido criança.
A melodia do refrão vai chegando aos bocadinhos, vai jogando à apanhada com a nossa vontade de explodir. Entra a voz, depois as vozes e de repente, um coro grita a fúria de quem não quer deixar a inocência, a simplicidade… isso, simplicidade, aquilo que mais caracteriza esta música. Simples mas efervescente. Aos pulos pelo quarto, cantando no carro, correndo pela rua, qualquer que seja o ambiente, a mensagem é a mesma: ser criança é bom demais para ser esquecido depois de umas bebedeiras, de umas namoradas ou de uns empregos.
Mais que brincar com carrinhos ou bonecas, a preciosidade deste presente que a vida nos dá mora nos olhos que temos quando a tarde ideal é chegar a casa e não ter TPC’s. A pureza de se sentir só sentindo, sem mais nada. Amar porque se gosta, não porque a solidão já pesa e qualquer coisa chega. Sorrir porque estamos felizes, não porque queremos esconder que a vida tem desiludido. Honestidade, pura. É sobre isso que esta música fala, pelo menos para mim. Ser verdadeiro com o que somos e, consequentemente, felizes da vida por assim o sermos. Tal como erámos. Lembram-se?
Esta é das músicas que mais feliz me faz sentir. Gosto muito dela. Por agora vou vos a emprestar , mas não a estraguem. Já aqui passo para me a devolverem, agora tenho de ir. A minha mãe está a chamar-me.