Jane Birkin e Serge Gainsbourg foram, sem dúvida, o casal artístico mais famoso de França desde o final dos anos 60 até à sua separação, em 1980. Como acontecia sempre com o compositor e cantor, as suas relações amorosas eram sempre mais do que isso, a vida impregnava a arte, uma noite escaldante de sexo terminava muitas vezes com a oferta de canções à sua última conquista, na manhã seguinte.
No caso de Birkin, uma jovem inglesa que se envolveu com Gainsbourg em 1968, tal fenómeno foi levado ao extremo. Birkin tornou-se, durante muitos anos, a musa do francês, a sua companheira de vida e de arte, em discos e em filmes. A primeira colaboração a sério entre os dois deu-se em 1969, com o fantástico LP “Jane et Serge”, casa do famosíssimo “Je T’aime…moi non plus”. Em 1973 surge o primeiro disco em nome próprio de Jane, embora todas as colaborações fossem assinadas pelo seu amante. Di Doo Dah é, ainda hoje, um monumento, uma cápsula do tempo, marcada por aquela produção fantástica de Gainsbourg e do orquestrador Jean-Claude Vannier.
O disco, recheado de pequenas pérolas, apresenta Birkin como a jovem cândida mas liberal, ingénua mas provocante, encaixando na perfeição com o papel de corruptor mais velho que Gainsbourg sempre gostou de encarnar.
“La Baigneuse de Brighton” é apenas uma dessas pérolas, uma pequena delícia de pouco mais de dois minutos. Um óptimo cartão de visita para aquela voz fora do comum de fragilidade, que ameaça partir-se a qualquer segundo, que ficou como marca de água da primeira parte da carreira discográfica de Birkin. Esse primeiros discos são assim, quase kitsch na sua falsa inocência, sob o qual assenta toda a mestria de Gainsbourg e a extraordinária sensualidade da sua musa, Jane.
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