Se os poetas ultra-românticos do século XIX fossem vivos, será que cantariam as suas contemplações, nostalgias e idealismos em harmonia, envergando flanela de Seattle e ostentando uma barba viril que mascara qualquer excesso de sensibilidade? Questões pertinentes. A solução mais próxima que temos são os Fleet Foxes, banda de – lá está – Seattle, que ficaram parados na Montanha Blue Ridge desde 2008, ano em que lançaram o homónimo álbum de estreia.
Nesse disco, a voz do lenhador/poeta Robin Pecknold viaja pela floresta, numa procura ansiosa pela sua amiga/namorada/senhora/x (que se encontra na “montanha”). Pecknold não sabe se a sua cantiga de amigo chegará ao topo da montanha, mas não se importa com tal inquietação. Afinal, sabe que há beleza. Uma beleza primaveril que lhe sussurra ao ouvido, sem qualquer pudor ou ingenuidade, que tudo correrá bem.
Ragged Woods poderia ser um poema de W.B. Yeats – ups, por acaso é um poema de Yeats -, mas é, acima de uma, um encantamento jovial de alguém que só quer olhar e, no fim, contemplar tal beleza.
O hurty to the ragged wood, for there
I will drive all those lovers out and cry –
O my share of the world, O yellow hair!
No one has ever loved but you and I.