Na ressaca do Super Bock Super Rock recordo um álbum que ouvi vezes sem conta no ano em que saiu (1996) e nos anos que se seguiram. É para mim daqueles álbuns que ouvia do início ao fim, em repeat puro, e pelo qual tenho enorme estima.
São os Ash com 1977. É o primeiro álbum oficial da banda irlandesa com um vocalista que na altura fazia-me lembrar Ethan Hawke, actor que me tinha ficado no goto dos cool por ter aparecido em filmes como “Reality Bites” e “Before Sunrise” de 1994 e 1995 respectivamente. É o álbum também cujo primeiro single se chamava “Girl From Mars” e que tinha uma pequena muito gira. É de facto um grande álbum que ficou na história.
Para além desta “Girl From Mars”, malha fortíssima, o álbum revela bem os tempos em que foi lançado. Em 1996 estávamos ainda no era do grunge mas as portas já se tinham aberto para um som menos down onde álbuns como Odelay de Beck, Coming Up dos Suede ou New Adventures in Hi-FI dos R.E.M. lideravam tops. Os Ash posicionavam-se um pouco ali no meio. O som distorcido das guitarras puxava ao grunge, já a voz suave de Tim Wheeler contrastava. Músicas como “Oh Yeah” ou “Angel Interceptor” eram bons exemplos disso. E depois havia a primeira música do álbum “Lose Control”, “Girl From Mars” e “Kung Fu” que equilibravam a balança. No fim do disco temos, despropositadamente à la 90’s, uma festa de vómito escondida. Por um lado, antes fosse uma música, por outro, bem me divertia a ouvir enquanto aumentava o som da estereofonia. Fazia-se bom rock aqui.