sean riley & the slowriders com novo disco e regresso aos palcos
Lusofonia

As novas cores de Sean Riley & The Slowriders

Ao quinto disco de originais, Life, a banda trouxe para a sua música novos condimentos, via sintetizadores, mas sem desvirtuar a matriz original.

A história deste álbum, que é o primeiro em cinco anos, é também o início de um novo capítulo na história da banda que viu partir um membro fundador, amigo e peça fundamental – Bruno Simões, que morreu em 2016.

«Há situações que são de tal forma devastadoras que não se lida, sobrevive-se, quando muito. E no nosso caso, a nossa sobrevivência passou um bocado por nos mantermos juntos, unidos e procurarmos coisas que nos fizessem sentir bem. E acho que não há nada que nos una mais e nos faça sentir melhor do que fazer música, e acho que foi por isso que a continuámos a fazer», conta o vocalista Afonso Rodrigues em entrevista ao Altamont.

E assim, na sala de ensaios, foram aparecendo ideias novas formas de fazer as coisas: «foi um caminho que nos chegou naturalmente, porque foi após estarmos a explorar algumas canções e arranjos de algumas canções – nomeadamente a “Every Time”, que foi a primeira a sair dessa forma – que nós deixámos um bocado de lado as guitarras e pegámos nos teclados, mas depois, a partir do momento em que ficámos muito satisfeitos com o resultado, foi um caminho intencional, as músicas que trabalhámos daí para a frente, algumas delas já foram compostas nesse formato e já foram pensadas para funcionarem exactamente dessa maneira».

Com menos guitarras e mais teclados, a apontar mais à pista de dança e bolas de espelhos, a banda conseguiu no entanto manter um fino equilíbrio entre a euforia dançante e a densidade emocional das canções. E em nenhum momento houve necessidade de refrear eventuais ímpetos mais electrónicos ou mais rockeiros: «Nós nunca tentamos pôr travão em nada, o que nós fazemos é: fazemos as canções e no final temos normalmente um teste de algodão que é olharmos uns para os outros e dizemos “ok, isto somos nós ou não somos nós”? Se nós nos revirmos na canção, normalmente é esse o nosso filtro, se nós ouvirmos aquilo e de alguma forma sentirmos que é Sean Riley & The Slowriders, então é Sean Riley & The Slowriders e não pensamos mais sobre isso (…) portanto quando chegamos à decisão de as pôr no disco, é porque saíram assim, não sofreram nenhuma alteração, não foram adulteradas para caber no universo da banda. Ou são naturalmente a banda, ou não são a banda, e acho que essa é a pergunta que nós fazemos cada vez que acabamos uma canção, se nos sentimos dentro daquela canção e representados por ela ou não».

Sendo um disco que, inevitavelmente, marca um novo capítulo na história da banda, o título, Life, «é sobre a vida em geral, é uma coisa bastante mais abrangente e não só sobre a vida mas também sobre coisas que cabem dentro da própria vida; são noções com tempo, prioridades, amor, uma data de conceitos que cabem dentro da vida e daí o título ser escolhido de forma a que fosse abrangente o suficiente para conter todas estas ideias lá dentro. Basicamente a ideia base é esta da existência, que tem uma duração limitada e que durante esta existência poderes escolher e como lidar com as adversidades: se queres encará-las de uma forma destrutiva ou de uma forma inevitável, mas da qual surge sempre uma possibilidade de tu caminhares em direcção ao positivo ou em direcção a algo liminoso. Que foi um bocado o que nós fizemos na nossa vida e foi um bocado o que fizemos na música, e daí que o título acabe por refletir essas duas realidades».

Sean Riley & The Slowriders vão mostrar o disco ao vivo esta semana (em Lisboa e Coimbra) e vai ser um reencontro feliz entre músicos e palco: «Nós não tocamos ao vivo desde final de 2019, há muito muito tempo. Estamos mesmo excitados, vão ser momentos de catarse e estamos bastante ansiosos em poder partilhar música com o público, que sempre foi uma das traves mestras desta banda, sempre fizemos música com esse interesse e vontade de tocar ao vivo e portanto podermos voltar aos palcos vai ser sem dúvida um momento especial para nós e acho que nos esperam duas noites de absoluta celebração da música e da vida, bastante ajustadas a este momento, a este disco e bastante desejadas por nós, que temos muitas saudades de estar próximo das pessoas e estar nos palcos».

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