Stranger in My Own Skin é uma colecção de filmagens íntimas onde podemos ver Pete Doherty, “likely lad” tornado rocker atormentado, a falar na primeira pessoa e a lutar contra os seus demónios ao longo de mais de 10 anos. Mais um destaque da secção Heartbeat da 21ª edição do Doclisboa, onde se explora a ligação entre a música e o cinema.
Alguma vez se perguntaram como tem sido o dia a dia de Pete Doherty desde que os Libertines acabaram? Não? Então Stranger in My Own Skin não é para vocês. Quem vá ver o documentário sobre a vida de Pete Doherty à procura de filmagens dos tempos com os Libertines ou de ouvir o lado de Pete sobre a história de um dos breakups mais polémicos da história recente do Rock sairá desiludido.
Apesar de se abordarem os vários projetos musicais de Pete como os Libertines (que acabam logo aos 14 minutos de filme) ou os Babyshambles, a sua segunda banda, o foco deste documentário é muito mais a sua vida fora do palco. Em filmagens extremamente íntimas, que se estendem ao longo de vários anos, podemos ver o próprio Pete Doherty a falar na primeira pessoa sobre a sua relação com o seu pai, sobre os seus sucessos e demónios, que quase sempre existiram ao mesmo tempo na sua vida, sobre a sua luta contra a adição e sobre a sua relação com a atenção mediática que recebe e a influência que esta tem na sua saúde mental.
Ainda assim temos no filme alguns momentos deliciosos e que fazem o filme valer a pena, no meio das entradas e saídas de instituições de reabilitação e prisões, e de algumas imagens difíceis de digerir. Alguns exemplos disso são as imagens do concerto de reunião dos Libertines em Reeding em 2010, que deixarão qualquer fã nostálgico, a entrevista a Graham Coxon a propósito do primeiro disco a solo de Pete Doherty, ou as imagens dos pais de Pete a invadirem o palco durante um concerto com um bolo para lhe cantarem os parabéns.
Não sendo um filme fácil, Stranger in My Own Skin é um retrato cru, direto e, sobretudo, nos seus próprios termos, de um artista sobre quem correu tanta tinta em tabloides e pelas redes sociais. Pete Doherty revela-se ainda em construção e parece estar, de certa forma, em paz com isso. Isto enquanto, contra tudo e contra todos, não perde a vontade de criar e de fazer música. E por isso nós só temos de agradecer.
Stranger in My Own Skin é exibido a 25 de outubro às 22:30 no auditório Emílio R. Vilar da Culturgest e repete no dia 28 de outubro às 21h15 na sala Manoel de Oliveira do São Jorge.