Acaba de ser editado o disco de estreia dos Asterisco Cardinal Bomba Caveira. Esta Alegria Nada a Pode Conter é um conjunto de 11 canções de um típico disco de Verão. O vocalista Tomás Cruz e o baterista Zé Costa estiveram à conversa connosco no dia em que o disco chegou às lojas. Esta terça-feira, 1 de Julho, apresentam o disco ao vivo no Musicbox.
Altamont: Antes de mais, contem-me sobre o nome da banda.
Tomás Cruz (T): Nós começámos a banda muito novos, no liceu, e não tínhamos nome, estávamos à procura. Havia um amigo nosso que tinha uma banda que tinha aí uns 6 nomes diferentes, todos nomes que nós gostávamos, e um dia ele sugeriu-nos ficarmos os Asterisco.. e nós achámos bem e pronto, no fundo roubámos-lhe o nome.
E esta conjugação de palavras é aleatória ou tem algum significado?
T: É puramente aleatória. É um insulto puramente aleatório.
Um insulto? A quem?
T: É uma boa pergunta… vamos deixar os leitores responderem.
Falem-me da vossa história – o disco sai agora mas vocês já têm mais coisas para trás…
Zé Costa (Z): Sim, nós em 2011 lançámos um EP, estávamos no 12º ano. Nós sempre quisemos lançar um disco, e gravámos estas músicas, que saem agora, há 2 anos e tivemos este período a tentar lançá-lo, agora finalmente conseguimos.
O disco é lançado pela Amor Fúria – foram eles que vos procuraram ou vocês é que foram ter com eles?
T: Nós sempre nos mexemos no meio da Amor Fúria porque eles são nossos amigos, tem muito a ver com uns campos de férias que nós fizemos, dos jesuítas. Portanto sempre fomos amigos deles, mas só agora é que realmente somos da Amor Fúria.
E qual foi o papel da editora neste disco, impuseram algumas directrizes ou deram-vos total liberdade?
T: Este disco já estava gravado, quase pronto a sair, quando a Amor Fúria entrou, por isso não houve muito trabalho com eles na parte das músicas. Mas agora na parte de lançar e promover o disco, fazer a arte gráfica, já houve mais trabalho conjunto e é bom, são pessoas de quem nós gostamos – das coisas que fazem e imagem que procuram – e por isso adequa-se a nós.
Como é que vocês escrevem e trabalham as vossas canções?
Z: A fórmula mais habitual é o Tomás fazer as músicas em casa, no banho (risos), e chega ao ensaio já com a melodia mais ou menos feita, depois o Vasco e o Tomás tratam das letras e o resto – acrescentar os instrumentos – fazemos os quatro juntos. Cada um faz aquilo que lhe apetece com o seu instrumento, depois mandamos uns bitaites uns aos outros e acabamos em conjunto todas as partes da música.
T: No fundo as canções estão feitas, é pegar nelas e tocá-las em banda. E nós não procuramos um grande arranjo ou tratar as músicas de forma muito especial, o importante é a canção que está por trás.
Este disco teve como produtores o João Só e o Nélson Carvalho…
T: O João Só é muito nosso amigo e por isso é que ele surge. Nós inicialmente gravámos o disco com a Valentim de Carvalho e eles queriam que nós, os putos, tivéssemos alguém em quem confiassem para assegurar que as músicas apareciam como eles imaginam músicas. O trabalho foi muito de tocar de uma forma mais contida e procurar controlar as coisas que se iam passando. O João Só teve um papel importante nessa parte da pré-produção, de ajudar a limpar alguns arranjos e a tornar as coisas mais simples, mais contidas. Ele entrou ainda antes de estarmos em estúdio, estivemos em Évora todos juntos, a preparar o disco durante uma semana. O Nélson [Carvalho] entra na parte da gravação propriamente dita, ele tem muita experiência em estúdio, em fazer soar os instrumentos. Foi muito importante nessa parte, não tanto nos arranjos, apesar de ter dado alguns conselhos que melhoraram as músicas.
A vossa música lembra-me um encontro entre os Strokes e os Beach Boys. Em que é que se inspiram – e onde é que se querem colocar?
T: Essa definição acho que é muito boa, porque são bandas que nós gostamos e têm muito a ver com o que tipo de música que nós fazemos. As nossas músicas são influenciadas pelas coisas que nós os quatro vamos ouvindo. Em primeiro lugar, os clássicos, Beatles, Beach Boys, etc. Por outro lado, o rock dos anos 00’s, Strokes, The National, Arcade Fire, Arctic Monkeys – são bandas com quem nós crescemos e, quer queiramos quer não, acabam por enformar as coisas que fazemos. Também o Tom Petty foi um músico que ouvimos muito para este disco. Mas ao mesmo tempo que temos esse lado mais rock, por outro também gostamos de ouvir música “comercial à séria”. Não são as nossas bandas preferidas, mas são coisas que também gostamos e ouvimos e que têm igualmente credibilidade, independentemente da forma como as músicas são feitas. E acho que isso se nota no nosso disco – por um lado o rock, por outro algumas músicas mais hits pop das quais é fácil gostar. Não nos queremos instalar no pop comercial mas também não queremos encaixar no meio alternativo – mas não o fazemos de forma muito consciente, é o que sai naturalmente.
E as letras?
T: Falam sobre coisas do dia a dia, não são grandes poemas ou afirmações de um Portugal novo, mas são as coisas que nos acontecem, escrevemos sobre histórias que nos dizem alguma coisa. Não procuramos uma grande identidade… muito mais do que tocar músicas.
Sobre o título do disco, Esta Alegria Nada a Pode Conter…
T: O título acaba por condensar estas músicas, diz muito sobre as músicas e sobre o que aqui temos falado – nós gostamos de tocar, gostamos de estar juntos e percebemos que a nossa vida é uma alegria muito grande e que a coisa não é possível de ser contida, e tem de sair de alguma forma. Sai em forma de música.