Ainda na ressaca da festa em que o Altamont levou quem passou pelo Século no sábado de volta aos anos noventa, nada como aqui colocar um álbum de uma das grandes bandas que passaram por essa década. E digo passaram porque na realidade formaram-se em 1988, mas foi com a chegada de década seguinte que realmente se impuseram no panorama musical, mais especificamente no aparecer da cena de Seattle.
Fazendo uma breve resenha estilo wikipedia (também faz parte da missão Altamont informar), a banda Green River é apontada como a génese do movimento comummente denominado grunge. Composta por Mark Arm, Steve Turner, Alex Vincent, Jeff Ament e Stone Gossard, durou apenas 3 anos mas lançou sementes. Enquanto os dois últimos saíram para formarem os Mother Love Bone (e mais à frente os Pearl Jam), Arm e Turner criaram os Mudhoney que apesar de serem durante uns anos a banda mais importante para a SubPop, nunca deram o salto para o mainstream. Por vontade própria entenda-se. Arm sempre foi uma espécie de Velho do Restelo, recusando vender-se às grandes editoras e combatendo nas suas letras toda a histeria gerada na altura. “Overblown”, música incluída na banda sonora do filme “Singles” é bem demonstrativa disso mesmo: “Everybody loves us/ Everybody loves our town / That’s why I’m thinkin’ lately/ Time for leavin’ is now.”
Fast forward para 2013 e para este Vanishing Point – dez álbuns depois e tudo se mantém na mesma. Arm continua ácido e ao mesmo tempo hilariante nas suas letras, atacando tudo e todos, e o som dos Mudhoney continua com a sua mistura punk e garage rock cada vez mais próximos de uns Stooges, riffs rápidos e crus, distorção a rodos. “I Like it Small”, single de estreia, é uma grande malha que dá dez a zero a muita bandazeca indie que anda por aí a fazer furor. “Chardonnay” punk puro e duro, energia debitada em apenas minuto e meio. “I Don’t Remember You” é Arm do alto dos seus 51 anos a vociferar contra todo esta vaga de mil bandas novas a cada dia que desaparecem tão depressa como aparecem. Apetece mesmo dizer que foi para isto que foi criado o rock, para ser irreverente. Mas infelizmente já poucos se lembram disso…