Desde o último álbum de Editors, o muito pouco consensual In This Light and On This Evening, passaram quatro anos. E chegou-se a pensar que talvez o grupo não voltasse tão cedo a estúdio, depois da experiência meio surreal a atirar para o electrónico que foi o terceiro trabalho de originais (mais uma vez a maldição do terceiro disco). E, estando Editors no top das minhas bandas alternativas, quase preferia que não tivessem gravado nada.
The Weight of Your Love, o novo disco, regressa um pouco às origens, soando mais com o trabalho mais aclamado da banda, An End Has a Start faltando-lhe, contudo, um tema forte que se destaque no meio de um alinhamento que acaba por se tornar aborrecido e até ligeiramente lúgubre. Há momentos em que o disco é verdadeiramente sofrível… Talvez esta melancolia esteja relacionada com a saída do co-fundador e guitarrista Chris Urbanowicz, que abandonou a banda o ano passado. É quase como se lhe faltasse alma.
“The Weight” abre bem, com um ritmo que entra no ouvido e um registo que se identifica imediatamente como pertencendo à banda, jogando bem com as alterações de instrumentos e velocidades. Já “Sugar” tem esse toque de aborrecimento e chega a ser ligeiramente desagradável. “A Ton of Love”, o ‘single’, é mesmo a faixa mais alegre de um álbum melancólico, além de “Formaldehyde”, previsível mas dançável.
Além de lúgubre o disco é meio esquizofrénico. Depois de alguma alegria em “A Ton of Love” o falsete de “What is This Thing Called Love?” é quase insuportável e redunda numa balada melosa daquelas de acender isqueiro ou dançar em slow. Quase vergonhoso… e a partir daí não melhora muito mais. “Nothing” procura ser triste mas torna-se aborrecida, apesar dos violinos, aquele toque que parece que embeleza qualquer canção.
A banda volta ao registo de Editors em “Hyena” mas já não há salvação possível. A inconsistência e esquizofrenia tiram toda a vontade de ouvir o álbum do início ao fim. Desta vez mais vale deixá-lo no expositor da loja. Há partes que se ouvem bem mas, dos Editors, esperava mais. Uma desilusão.
Álbum Fresquinho: Editors – The Weight Of Our Love (2013)

Cátia Simões
O primeiro CD que comprei foi o MTV Unplugged in New York, de Nirvana. Devia ter uns 11 anos e só nessa altura percebi o que era música. Hoje, aos 30, jornalista há seis anos, colaboradora em sites de música e cinema, se houver concerto estou lá, marco as férias consoante os festivais de Verão e o tempo nunca chega para ouvir tudo o que quero.
Share This
Previous Article
No Ouvido: Grand Duchy - Let the People Speak (2012)
Next Article
É assim mesmo, miuda, dá-lhes!