Akron Family – Set ‘Em Wild, Set ‘Em Free (2009)
“River” foi a primeira música que ouvi deles, já no passado mês de Janeiro, e logo aqui a partilhei. Mas o processo de absorção deste Set ‘Em Wild, Set ‘Em Free foi estranho, na medida em que as músicas iam aparecendo no shuffle, e eu quase sem dar por isso fui sendo levado, música a música, até um dia aperceber-me de que havia ali qualquer coisa e ter tomado a iniciativa de ouvi-lo do início ao fim. Foi o mote para passar do ponto de deslumbramento inicial a cada música que entrava ao ponto de “Porra, isto é um granda álbum tenho que escrever no Altamont”. Ainda passei um tempo com o álbum por aqui a marinar, mas depois de ter incluído uma música dos Akron Family na mais recente playlist, senti que era chegado o momento. Vamos portanto a isso, sem mais demoras e para começo de conversa tenho a dizer Porra, isto é um granda álbum! É um álbum do tamanho do mundo, na medida em que parecem aqui caber vários ritmos, desde o funk, a hard rock, gospel, folk, free jazz, soul, you name it. E isto acontece dentro das próprias músicas, sendo “Gravelly Mountains of the Moon”, música lá para o meio do álbum, a melhor amostra disso mesmo. Começa com uma simples flauta, depois uma voz calminha, vão entrando mais instrumentos aos poucos, mais vozes, e depois guitarras com riffs pesados, a mudar todo o cenário criado até então. Entramos então em regime de free jazz, improvisação total, delírio, até ao retorno à calmia inicial. Esta parece ser a fórmula secreta dos Akron Family – a improvisação levada ao extremo, que é utilizada em várias músicas onde de repente muda a estrutura da música, muda o ritmo mudam os instrumentos utilizados e o caos se instala. “Everyone is Guilty” é também um exemplo revelador disto mesmo, e para além disso é a música de abertura e uma das principais responsáveis por todo este entusiasmo. Mas que fique claro que eles também são capazes de músicas mais contidas, mais arrumadas, como é o caso de “The Alps & Their Orange Evergreen” e “Set’em Free Pt.1”, onde se destacam as guitarras acústicas e a consequente criação de um ambiente mais pacífico, mais cozy. E não podia deixar de realçar também as 2 músicas finais, “Sun Will Shine” e “Last Year”, ambas em tom esperançoso, que vêm aí melhores tempos com um perfume de gospel deveras interessante. Não têm mais nada a fazer senão experimentar! Parece-me certo que é dos melhores álbuns que adicionei ao iTunes este ano.
PS – no post anterior com os Akron digo, à boca cheia, que estariam por cá em tempo de festivais. Puro engano meu e ainda bem – merecem um concerto em nome próprio na Aula Magna quanto antes!
Alexandre Pires
Nasci em terras de Vera Cruz, decorria ainda a década de 70. De pequenino me apercebi que estava destinado a grandes feitos e quis desde logo deixar a minha marca, começando por atravessar o Atlântico a nado. Dessa experiência guardo sobretudo água salgada nos ouvidos, água essa que me impediu de dar ouvidos ao meu pai que queria fazer de mim engenheiro. Hoje, quando me perguntam a profissão, não sei o que responder. Tenho vários chapéus que vou usando consoante a ocasião, desde economista proeminente a futebolista de sonho, de crítico de música amador a empreendedor visionário, de tenista de meia tigela a DJ concorrido, de amante cinéfilo a pai dedicado.
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bom post, by the way!
Concertos em nome próprio são boring! Venham os festivais!