Não sabia nada sobre os Adult Jazz quando esbarrei com eles numa curva da internet. E além de serem quatro rapazes de Leeds a fazer uma espécie de pop lo-key, continuo a saber muito pouco. E nem me interessa muito, porque o que me interessava mais sobre eles já me tinha chegado às mãos – Gist Is, o álbum de estreia.
Ouvi “Spook”, que é bem capaz de ser a melhor música de todo o álbum e então quis saber um pouco mais. Claro que se tudo fosse fabuloso, podíamos estar perante a revelação de 2014. Não estamos. Os Adult Jazz abusam dos twists e, às vezes, só gostávamos que continuassem a fazer aquilo que parecia que iam fazer. Confusos? “Donne Tongue” é o melhor exemplo disso e não consegui disfarçar sequer a minha desilusão quando o meu entusiasmo com a distorção durou pouco mais de um minuto e foi levado por algo que me parecia um decalque dos temas anteriores.
Não diria que a estreia dos Adult Jazz seja arrebatadora. Embora sejam bem sucedidos numa mão cheia de temas, ficou-me sempre a ideia de repetição, e muito embora não pareça haver uma regra a ser seguida, é sobretudo no emprego da voz de Harry Burgess que damos conta de um entrave naquilo que podia ser um triunfo para a banda. Porque é que não temos mais do Burgess de “Bonedigger” em vez do Burgess de “Pigeon Skulls”? São demasiados devaneios vocais quase a roçar o gibberish que acabaram por se tornar maçadores pelo excesso, fazendo-me lamentar a falta de maiores e melhores momentos instrumentais, porque me parece honestamente que os Adult Jazz podem, no futuro, refinar muito as suas músicas.
Os Adult Jazz são exploradores em início de caminhada. A estrutura das músicas não é propriamente convencional, mas está longe de ser experimental. Não senti, em momento algum, aquela sensação de estar a ouvir alguma coisa que nunca tinha ouvido, nem a sensação de estar perante um trabalho realmente diferente. Não me interpretem mal, Gist Is traz-nos boas músicas e as imperfeições que encontrei podem muito bem ser as naturais dores de crescimento. Mas vale a pena ouvi-los. Além da já mencionada “Spook”, à volta da qual todo o trabalho gravita, porque é, de facto, um pedaço de música extremamente bem conseguido, emprestem os vossos ouvidos a “Am Gone”, “Springful” e à derradeira “Bonedigger” e vão ver que o tempo foi bem empregue.