A Groovie Records, editora independente e projeto cultural baseada em Lisboa, recebeu os Grand Wreck na sua cave, para um concerto que fez tremer as paredes (os posters e discos também vibraram).
O espaço, que, como muitos espaços culturais em Lisboa, está prestes a mudar de localização (ainda sem se saber onde), mas que continua a respirar (e transpirar) a cena alternativa, DIY, punk e independente, foi o sítio perfeito para esta actuação.
Na cave da loja, os Grand Wreck apresentaram-se para o primeiro concerto da banda em Lisboa: o trio é composto por Fernando Chovich (guitarra e vocalista), Thiago di Fonzo (baterista) e H. Reis (baixista), três brasileiros a fazer rock (e punk, e folk, e americana, e indie) em Lisboa, com personalidade, sentimento e autenticidade. De recordar que já os tínhamos visto no Barreiro, numa tarde de punk rock, promovida pela Gasoline.
O arranque do concerto fez-se de forma íntima: os singles “Solitary Dots” e “Simpler Things” ambas em versão acústica e a solo, com Chovich a assumir o palco. O facto de a cave ser efetivamente pequena, funcionou pela positiva, criando um ambiente de proximidade.
Quando se juntaram Thiago e H. Reis, passámos rapidamente para uma onda acelerada e apunkalhada (olá bateria, olá baixo), mas conseguimos detectar facilmente as referências da banda: ecos de americana, indie e até de punk made in Midwest (versão Lisboa), mas sem nunca caírem na imitação. A originalidade apresenta-se na música, crua e honesta.
E apesar de serem um trio mais folk na superfície, as raízes punk/hardcore estão bem presentes, sentimos um certo tipo de urgência nos ritmos intensos, numa energia que foi subindo à medida que o set avançou.
Passámos o concerto inteiro a pensar “porra, onde estão os tampões para os ouvidos”? Sim. A cave tremeu? Um bocado. A coluna no meio da sala, que parecia mais um pilar destinado a aguentar não só o tecto mas o próprio concerto, aguentou firme. Metáfora feita à medida: os Grand Wreck ainda estão a criar a sua identidade, mas já têm estrutura.
O setlist misturou temas do futuro disco (atualmente em gravação) com os singles já disponíveis. A envolvência alternativa encaixou na perfeição com o espírito da Groovie, que sempre teve essa veia DIY e despretensiosa.
Em síntese: foi um concerto curto, intenso, cheio de alma e divertido. Os Grand Wreck estão a crescer e estamos entusiasmados com o que será o seu percurso.













