Five Dices, All Threes é uma montra bem construída de uma banda madura, mostrando que o poder de storytelling de Oberst continua imparável.
Seria injusto reduzir os Bright Eyes apenas a Conor Oberst, mas, precisamos de assinalar que Oberst é um músico prolífico, em particular na cena folk. Entre o projeto Monsters of Folk (Jim James, M. Ward, Mike Mogis – também dos Bright Eyes), as colaborações com a Phoebe Bridgers (Better Oblivion Community Center), Cat Power, Jenny Lewis, Emmylou Harris e a banda Desaparecidos, fica a sensação que Oberst está sempre presente, sempre a lançar um projeto novo.
Mas, começando pelo início, Bright Eyes, banda criada em 1995 por Conor Oberst, Mike Mogis e Nate Walcott, acabou de lançar o seu 11º álbum de estúdio Five Dices, All Threes, pela Dead Oceans, editora indie amada pela cena folk.
Os Bright Eyes, que ficaram muito conhecidos pelo excelente álbum I’m Wide Awake, It’s Morning e o single “First Day of My Life” (atire uma pedra quem nunca dedicou esta música a alguém), têm tido uma carreira que se tem expandido ao longo dos anos, sabendo reinventar-se, mas sem nunca perder o traço original que gostamos tanto.
O mais recente álbum mostra-nos isso mesmo: um regresso às origens e daquilo que melhor fazem. Com um som mais cru (e fresco), com colaborações de amigos como a Cat Power (“All Threes”) e Matt Berninger (“The Time I Have Left”), músicas que de forma instantânea nos fazem sentir coisas (ajudadas pela voz rouca e inconfundível de Oberst) e com letras miscelâneas (desde AI, a críticas mordazes à sociedade contemporânea, com espacinhos para sentimentos como “I hate the moon, but I’d take it from you/I want anything you have to give” – Real Feel 105º), este álbum é um charme.
Five Dices, All Threes é uma montra bem construída de uma banda madura, mostrando que o poder de storytelling de Oberst continua imparável, as guitarradas (mais folk, menos emo) bem aplicadas, que soam tão melodiosas com a voz áspera, mas ao mesmo tempo leve, com refrões orelhudos que nos fazem querer ouvir o álbum muitas e muitas vezes.
Numa entrevista à Uncut, Oberst falou sobre o tema central do álbum: “Life is a game of chance and a metaphorical street brawl, so that is what we are putting out there”. Quem diria que este sentimento de roleta russa poderia ser tão esperançoso e que nos acalma a ansiedade habitual de viver? Bravo, Bright Eyes.