Desafiámos os nossos escribas a fazer a difícil escolha de selecionar um álbum, uma banda/artista, uma música, um concerto e um artigo escrito no altamont que os tenha marcado, nestes últimos 20 anos. Poderão vê-las no decorrer das próximas semanas, aqui e na nossa página de instagram.
Uma banda / artista: The Strokes
Foram a minha banda preferida desde o momento em que apareceram. Minha e de quase toda a minha geração, que se agarrou a eles como tábua de salvação para o começo de milénio. Quando, em 2006, o entusiasmo global começou a esmorecer, eu continuei a fazer deles presença habitual no gira-discos. Acho que cumpri a mais nobre missão em 2020, uma vez que o primeiro vinil que o meu filho comprou foi The New Abnormal.
Uma canção: “Afraid of Nothing” – Sharon Van Etten
Faz parte do disco maravilhoso Are We There (2014), um dos discos que mais ouvi nos últimos anos. Está cheio de canções super envolventes que brincam com as nossas emoções. Esta nunca é das mais mencionadas ou elogiadas quando se fala deste disco, mas é uma das que me agarrou com mais força, de uma forma inexplicável.
Um álbum: Beach House – Teen Dream (2010)
Lembro-me bem do momento em que saiu este disco, e do impacto que teve na vida dos Beach House – e na minha. Foi o disco que os fez explodir e deixar de ser o segredo bem guardado de um pequeno nicho, e foi o disco que mais ouvi durante vários anos. Tenho o cd já em mau estado de tanto uso, no carro em casa onde fosse, ouvi vezes e vezes seguidas sem nunca cansar, sem andar nenhuma música para a frente, e sem conseguir perceber uma parte significativa das letras.
Um concerto: Godspeed You! Black Emperor || Primavera Sound (2014)
Foi um concerto completamente inesperado, não os conhecia nem sabia que tocavam no festival, estava a vaguear sozinho já quase em fim de noite e fui parar em frente ao palco onde estavam. Não se via quase nada, pouquíssima luz no palco e plateia, e a música que saía dali não era música, era uma massa magnética que me trespassou completamente. Foi das experiências musicais mais intensas que já tive.
Um artigo: José Afonso – Enquanto Há Força (1978)
Este foi o artigo que mais prazer me deu escrever. Não conhecia o disco mas fui desafiado a escrever sobre ele para incluir no Especial Zeca Afonso, que fizemos em 2022. Estudei, mais do que nos tempos da escola, ouvi na íntegra todos os outros discos, e só depois disso ouvi este álbum grandíssimo do Zeca. Quando foi altura de escrever, fui para uma esplanada e escrevi tudo à mão, ainda lá tenho esse rascunho.