Ninguém canta a saudade como João Gilberto, astro intocável da viola, da caneta e da voz do nosso vizinho Brasil que nos deixou no verão passado – certamente alguma parte dele ainda flutua omnipresente sob as águas de Ipanema. Em “Zíngaro”, seis minutos de canção transformam-se numa epopeia de proporções épicas, no qual uma história de amor enfeitada pela lustrosa orquestra se transforma na única coisa que existe. É assim que o amor parece para quem está apaixonado, e se João Gilberto não passou a vida toda apaixonado, fingiu bem.