Este é um disco que começa pesado mas depois respira, torna-se arejado e de sonoridade limpa e cristalina mas que exige ser ouvido com atenção para encontrar as subtilezas escondidas no mesmo fio condutor.
Ode to Joy é o 11º trabalho da banda norte-americana, que marcou a cena alternativa dos anos 90. Depois de três anos sem trabalhos de estúdio, a banda liderada por Jeff Tweedy regressa com um trabalho que muito pouco surpreende, mas que não deixa de soar bem.
O que se pode dizer, de forma global, deste disco de Wilco? Marcadamente folk, virado para guitarras serenas e baterias plácidas, fervilhante de ideias mas que por vezes perde na concretização. No início o disco soa mais pesado, para depois ir aumentando o ritmo e crescendo, aliviando a tensão e aumentando a intensidade mas mantendo sempre o mesmo registo sereno.
A começar com “Bright Leaves”, uma faixa serena, preenchida por uma batida tranquila, ligeiramente melancólica e onde nem o crescendo ao longo da música afasta a sensação de alguma monotonia. “Before Us” vai buscar mais sonoridades folk, assim como “One and a Half Stars”. “Quiet Amplifier” parece atirar ao psicadelismo mas acaba por não concretizar… e assim vai avançando o disco, sendo quase mas não chegando a ser. “Citizens” também parece pedir emprestado ao country e “We Were Lucky” apresenta umas guitarras desgarradas mas que não perturbam a composição do disco. A fechar, “Na Empty Corner”, que parece fazer regressar ao som mais pesado do início do disco, como se o pudéssemos ouvir em repeat sem quebrar.
“Love is Everywhere, Beware”, sem dúvida a faixa mais comercial do trabalho, foi escolhida como single e é dos temas mais interessantes e completos deste novo trabalho. Também “Everyone Hides” tem esta vertente mais alternativo-comercial que os Wilco não querem apresentar mas que, nestes dois temas, soa bastante bem.
Este é um disco que começa pesado mas depois respira, torna-se arejado e de sonoridade limpa e cristalina mas que exige ser ouvido com atenção para encontrar as subtilezas escondidas no mesmo fio condutor. O disco oscila entre faixas interessantes e bem conseguidas e temas sem grande rasgo – no conjunto não se nota mas leva a que o disco não se destaque nem fique no ouvido.
Conceptualmente, como um todo, Ode to Joy é um álbum bem conseguido e coerente, com letras profundas e interessantes mas faltam temas fortes, que se destaquem.