Custa a crer mas esta é já a 7ª edição do Festival Alive! Parecendo muito para alguns, é ainda um Festival jovem e que se espera venha a ter muitas mais edições pela frente. Mas ao sétimo ano podemos dizer que é, sem dúvida, um dos grandes festivais em Portugal, o que, para dizer a verdade, não é assim tão dificil com a fraca concorrência que encontra.
Esta sétima edição mantém o formato de 3 dias e de 3 palcos e a aposta num cartaz forte e bastante homogéneo (okay, na verdade ainda tem mais dois palcos, mas são pouco significativos). Este ano é porventura um dos melhores, porque apesar dos cabeças de cartaz Green Day, Depeche Mode e Kings of Leon não serem tão… grandes como já foram Pearl Jam, Beastie Boys, Radiohead, Rage Against The Machine ou mesmo Dave Matthews Band, o resto do cartaz é muito equilibrado. Como habitualmente decorre no Passeio Marítimo de Algés, nos dias 12, 13 e 14 de Julho (este fim de semana portanto), custando os passes 105€ e os bilhetes diários, 53€.

1ºdia
No primeiro dia, no palco Optimus, o principal, teremos então Green Day como cabeças de cartaz, Two Door Cinema Club, Biffy Clyro, Stereophonics e Steve Aoki a fechar. A miudagem pode não saber mas os Green Day já andam nisto há muito tempo e têm em “Dookie” e “Kerplunk” dois grandes álbuns. Ainda podemos incluir “Insomniac” neste lote mas a partir daí a coisa mudou de figurino pois o trio enveredou por uma carreira mais comercial dedicada a uma geração MTV que, actualmente, assiste a uma televisão de música… sem música! Mas sem dúvida que merece uma escutadela.
Os Two Door Cinema Club também merecem uma escutadela e uns saltos a acompanhar os seus dois álbuns “Tourist History” e “Beacon”. Também os Biffy Clyro, que editaram ainda este ano “Opposites”, o seu 6ºálbum de originais, prometem muito rock n’roll. Contudo o palco secundário, chamado palco Heineken vai ter uma concorrência fortíssima. Comecemos com Vampire Weekend, que regressam a este mesmo festival e a este mesmo palco, agora com 3 álbuns na bagagem. Começam a tocar à meia noite em ponto. São a seguir a Edward Sharpe & The Magnetic Zeros (22h30). A banda liderada por Alex Ebert e Jade Castrinos tem já uma grande legião de fãs em Portugal, ansiosos pela sua estreia em palcos nacionais. Apostamos em como vão ganhar muitos mais fãs. Às 19h50 é a vez dos Japandroids, duo canadiano de excelente rock, fortíssimo em palco. Pelo meio temos os “nossos” Dead Combo e no final da noite, Crystal Fighters e Death From Above 1979. Estes últimos tocam apenas às 3h00 da manhã. Jamie N Commons e Deap Vally, que fizeram a primeira parte do recente concerto dos Mumford & Sons no Coliseu de Lisboa, são ao início da tarde, logo a seguir a Quelle Dead Gazelle. Estes são um duo português que foi o vencedor da última edição do Festival Termómetro e merecem ser vistos. Com tudo isto não vai ser nada fácil escolher o que ver.
Temos ainda o tal 3º palco, mais dedicado à música electrónica e que é o Optimus Clubbing. Nesta primeira noite vai ter nomes como Disclosure, Jessie Ware, AlunaGeorge e Shadow Child. Jessie Ware será um género de Janelle Monae. AlunaGeorge já foge mais para o electrónico e para o bem mais interessante. Shadow Child apresenta-se às 21h35 mas é daquele tipo de som para acabar a noite. E por fim Disclosure, que tem um álbum, “Settle”, deste mesmo ano, e que parece ser uma electrónica bem mais explorável do que os nomes anteriores.

2º dia
O segundo dia traz-nos Depeche Mode como cabeças de cartaz. Estes ingleses já têm 33 anos de carreira e têm lançado novos álbuns a cada 4 anos, desde há umas duas décadas para cá. Trazem portanto um novo disco intitulado “Delta Machine” mas serão músicas como “Enjoy The Silence”, “Just Can’t Get Enough”, “It’s No Good” ou “Personal Jesus” (entre outros clássicos) que farão a loucura dos fãs. No palco principal vão passar também os Editors. Já cá estiveram várias vezes e raramente desiludiram. Vêm dar a conhecer o seu novo “The Weight of Your Love”. Para além de Depeche Mode e Editors, vamos ter os nossos OqueStrada a abrir as hostilidades às 18h00. No final da noite serão os sempre incansáveis 2 Many DJ’s, capazes de misturar 200 músicas num minuto, a dar as boas noites. Pelo meio só falta então mencionar os Jurassic 5. Ora estes Jurassic 5 são definitivamente a não perder e por várias razões! Para já porque se reuniram de novo (apenas) no ano passado após 5 anos separados. Depois, com o fim forçado dos Beastie Boys, não haverá (pelo menos para já) ninguém melhor a fazer Hip Hop alternativo. Finalmente, este Hip Hop alternativo é mesmo, mas mesmo, cool. Sobem ao palco às 19h10 e prometem um excelente final de tarde.
Do lado do palco Heineken vamos ter do fim para o princípio Crystal Castles, Icona Pop, The Legendary Tigerman, Jamie Lidell, Capitão Fausto, Rhye, Wild Belle, DIIV e Boca Doce. Daqui queremos destacar em primeiro lugar Rhye, duo sediado na California e que tem em “Woman” o seu primeiro álbum, provavelmente um dos melhores deste ano (até ver, é claro). Absolutamente a não perder! A seguir destaque-se o som bem mais selvagem de Crystal Castles que não deixará ninguém parado. Jamie Lidell traz-nos o seu excelente soul e um novo álbum, homónimo. Temos ainda os nacionais Legendary Tigerman e Capitão Fausto, dois projectos que dispensam apresentações. Vale só a pena referir que estes últimos já tem novas músicas para apresentar daquele que será o seu segundo álbum, ainda sem nome, a editar em setembro. Por fim os DIIV, já aqui falados no nosso Altamont, dão-se a conhecer às 17h45 e merecem alguma atenção.
Quanto ao Clubbing, o maior destaque vai para Flume. O projecto de música electrónica de Harley Streten apresenta-se às 21h00 e será um dos mais interessantes da noite neste palco. How To Dress Well, que já recebeu grandes ovações da Pitchfork e da Stereogum, também merece a matança da curiosidade. Pouco mais haverá. Dia 13 de Julho será quiçá o dia mais fraco do festival inteiro, duma forma geral.

3º dia
“Last but not least”, o Alive! este ano acaba em beleza. Comecemos desta feita ao contrário: se, e apenas se, houver algum tempo para parar no Optimus Clubbing (afinal de contas fica a meio caminho entre o palco Optimus e o Heineken) ouça-se Brodinski que “combaterá” Gesaffelstein às 00h30, evite-se Blaya (que não se perde nada) e Alex Metric que se poderá de certeza conhecer numa noite destas qualquer no LUX. Siga já é para o palco Heineken.
Ora aqui o dia começa com Capitão Ortense, miúdos de Fátima que venceram o concurso Hard Rock Rising e garantiram assim uma oportunidade no Alive!. Seguem-se os Tribes que, verdade seja dita, não faz nenhum se os perdermos. Depois lá começamos mais a sério com os portugueses Brass Wires Orchestra, que trazem um excelente folk para animar as hostes. Seguem-se-lhes os islandeses Of Monsters and Men que se estreiam por cá com o seu bem interessante disco “My Head Is an Animal”. Prometem muita animação e ritmo para recebermos depois Twin Shadow. Este projecto de George Lewis Jr. não precisa de grandes apresentações… Apareceu em 2010 com “Forget”, um dos melhores álbuns desse ano e ao qual se seguiu “Confess” do ano passado, que em nada fica atrás. Depois de Twin Shadow tocam os Alt-J. Regressam depois de passagem pelo Vodafone MexeFest de Dezembro passado, e se não se caracterizam pela efusividade, os Alt-J costumam ser irrepreensíveis em palco. Trazem o perfeitíssimo “An Awesome Wave” e esperemos nós, mais qualquer coisa de novo. Vamos ter ainda os Band of Horses, que têm 4 bons álbuns (isto não é nada pouco…) e cujo auge será com certeza com “The Funeral”, uma das músicas mais fortes da banda. Antes de fechar com os Bloody Beetroots que têm as honras de encerramento, vamos poder nos deliciar com os Django Django. Também de regresso, após presença no último Vodafone MexeFest, continuam a contar apenas com o primeiro álbum. No entanto é suficiente para fazer a festa! Vai ser o delírio com “Default”, “Hail Bop” ou “Waveforms”.
No meio disto vai ser o cabo dos trabalhos para correr de palco em palco. O Optimus não nos vai dar descanso. Começa com Linda Martini, que finalmente têm oportunidade no maior palco deste festival, e prossegue com Jake Bugg. Quem é Jake Bugg – perguntam-se vocês? É apenas um miúdo de 19 anos que tem um talento daqueles que não tem fim. Indie Rock e Folk mais Blues e Country Rock… Dêem-lhe mais 20 anos e vamos ver se não vai ser um dos maiores músicos. Só não será se não quiser. A seguir temos os reis do rock psicadélico actual: os Tame Impala. Depois do maravilhoso “Innerspeaker”, o projecto australiano liderado por Kevin Parker lançou “Lonerism” em 2012, também maravilhoso. Antecedem os franceses Phoenix, uma das bandas mais aguardadas com o seu rock alternativo e sintético. Vamos poder finalmente cantar “Liztomania”, “If I Ever Feel Better”, “1901” e “Entertainment”, esta do último registo intitulado “Bankrupt!”. Por fim, e a prometer um enorme espectáculo (começa às 23h00, acabará quando?) temos os irmãos (e primo) Followill: os Kings of Leon! Ora, é certo que a carreira destes americanos do Tennessee já esteve melhor, nomeadamente no seu início com três grandes álbuns (“Youth & Young Manhood”, “Aha Shake Heartbreak” e “Because of the Times”). Depois perdeu-se um bocado com a… banalidade desta última trilogia. Mas segundo o que vemos das suas últimas setlists vão deixar novos e velhos fâs contentes. Venham daí “The Bucket”, “Molly’s Chambers” e “Knocked Up”.
Resumindo e concluindo, vão ser 3 dias intensos, de muito pouco descanso e de excelente música. Esperamos contudo que não esgote. Não por não querermos o êxito deste festival, antes pelo contrário, que tenha sempre o maior dos êxitos, mas porque, se esgotado vai ser muito complicado para andar, comer, ir à casa de banho, etc. O recinto não está feito para a capacidade que diz receber e isso é muito importante. Venha daí o Optimus Alive!
