Texto de Gonçalo Correia e Alexandre Malhado
A cultura portuguesa ganhou. E porque não celebrar o triunfo nacional gastronómico, visual, desportivo e musical? Até sábado a Rainha da Costa da Prata, também conhecida como Figueira da Foz, servirá de recinto para tal banquete sonoro na segunda edição do Fusing Festival. Após o sucesso da primeira edição, que levou cerca de 20.000 pessoas com um cartaz 100% português, eis uma segunda edição promissora. Do frango ao surf. Do avultado vinho ‘Monte da Raposinha’ ao Fachada. Num autêntico emaranhado com o majestoso sol da Foz. Todos os elementos propícios a agradarem a qualquer individuo que, consciente ou inconscientemente, seja hedonista.
Sem qualquer intenção de deixar alguma experiência desta comemoração de fora, é necessário ter uma atenção redobrada às canções que passarão por estes três dias de Verão. Apesar do cartaz não ser 100% português, como no passado, são poucos os nomes internacionais. Aliás, a beleza deste cartaz é a ousadia da organização em reunir promessas de vários (e muito distintos até) géneros musicais portugueses e juntá-las com ex-promessas, actualmente consagradas, da música lusa.
No dia 14, houve música para todos os ouvidos. Às 17h11, para os mais jazzistas, foi possível acompanhar um refresco com o Quarteto Mário Santos no palco Cooking Lounge Pingo Doce. Com Mário Santos no saxofone, numa abordagem libertina ao jazz que não esquece a agradabilidade do jazz clássico tonal. O palco Experience deste ano foi estreado pelo popular Noiserv que, com a sua sonoridade intimista, aqueceu para o pós-rock arpejado de Leiria dos First Breath After a Coma. Durante First Breath After a Coma, uma apetecível opção no Palco Fusing às 21h00: os For Pete Sake, promitente sexteto lisboeta que apresenta o seu EP de estreia com algumas sonoridades do Indie rock, surf-pop e da folk. Seria uma lástima deixar de fora o imperial rap de Capicua às 22h16 no palco principal, mote para uma noite hipnótica pelo palco secundário. Às 23h03 chegou a vez das ambiências de Sensible Soccer e, às 02h05, a eletrónica de White Haus a.k.a João Vieira, o vocalista de X-WIFE. Se o estado espírito acossou harmonias vocais repletas de explosões cromáticas, encontrou-se sossego no palco principal às 23h35, pelas mãos dos aclamados You Can’t Win Charlie Brown. O sucesso da madrugada ficou à responsabilidade do House/Techno do português Trikk, que após diversas performances pela Europa, tem o destino reservado ao palco Experience às 3h20.
No segundo dia do Fusing Culture Experience, esta sexta-feira, voltaremos a ter um equilíbrio qualitativo entre a música ouvida no Palco Fusing e no Palco Experience . Os maiores destaques concentrar-se-ão, é claro, no palco principal. A banda albicastrense Norton abrirá as hostilidades às 21h00, oferecendo as sonoridades rock ouvidas no último disco, lançado em Março deste ano. Seguir-se-ão os também portugueses Peixe:Avião, que com as suas texturas rock mais experimentais precederão o brasileiro Cícero (23h35), uma das participações mais aguardadas do dia. A noite no palco Fusing terminará com os Capitão Fausto, que às 01h15 trarão o seu rock influenciado pelas sonoridades psicadélicas. O Palco Experience será, ainda assim, uma boa opção para quem quiser dançar ao som da alegria festiva dos Salto (19h53), do indie-rock feliz dos Nice Weather for Ducks (21h25) e da electrónica africanizada de Octa Push (02:05).
No terceiro e último dia do festival, sábado, chegarão alguns dos nomes mais consagrados da música nacional. A oferta começará com a mistura de reggae e soul do cantor Orlando Santos, por volta das 20h15, no palco Experience. Será com o pós-rock melancólico de When the angels breathe (22h10) e a música dançável de Sequin (23h43) que a festa prosseguirá no palco secundário, e só terminará com a electrónica de Djedjotronic (02h15) e D.I.M. (03h30), membros da editora Boys Noize Records.
Porém, os momentos mais aguardados da noite acontecerão no palco principal. O singular cantautor português Fachada (21h15), a dupla constituída por Tó Trips e Pedro V. Gonçalves (22h58) – musicalmente conhecidos como Dead Combo -, o icónico “rock’n’roller” The Legendary Tigerman (00h16) e a banda de rock experimental PAUS terão a merecida oportunidade de se apresentarem como nomes maiores de um festival português de música. De todos eles poderemos ouvir material lançado este ano, em discos amplamente aclamados pela crítica musical portuguesa. Um festival que capta um momento particularmente feliz da música feita entre nós.
Os dados estão lançados. Let’s fuse together!